O objetivo do estudo foi estimar a mortalidade por câncer em povos indígenas no Estado do Acre, Brasil. Trata-se de estudo observacional descritivo, com base no banco nominal do SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), referente ao período de 1º de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2012. Foi analisada a distribuição de frequência de óbitos, por sexo e faixa etária, e calculada a RMP (razão de mortalidade padronizada), tendo como referência Goiânia (Goiás), Acre e Região Norte. Foram identificados 81 óbitos, a maioria de homens (59,3%) e acima de 70 anos. As cinco principais localizações em homens foram estômago, fígado, cólon e reto, leucemia e próstata. Nas mulheres, câncer cervical, estômago, fígado, leucemia e útero. Nos homens indígenas houve excesso de óbitos por câncer de estômago quando comparados às populações de Goiânia (RMP = 2,72; 2,58-2,87), Acre (RMP = 2,05; 1,94-2,16) e Região Norte (RMP = 3,10; 2,93-3,27). O mesmo foi observado para óbitos por hepatocarcinomas, tendo por referência Goiânia (RMP = 3,89; 3,66-4,14), Acre (RMP = 1,79; 1,68-1,91) e Região Norte (RMP = 4,04; 3,77-4,30). Dentre as mulheres indígenas, destaca-se o excesso de câncer cervical em relação à Goiânia (RMP = 4,67; 4,41-4,93), Acre (RMP = 2,12; 2,00-2,24) e Região Norte (RMP = 2,60; 2,45-2,75). As estimativas apontam que neoplasias passíveis de prevenção, como câncer cervical, e ligadas ao subdesenvolvimento, como estômago e fígado, corresponderam a cerca de 49,4% dos óbitos entre indígenas. Comparados à população de referência, a mortalidade por câncer de fígado, estômago, colorretal e leucemias foi maior que o dobro entre os homens indígenas; por câncer cervical, estômago, fígado e leucemias esteve acima de 30% entre as mulheres indígenas.
The study aimed to estimate cancer mortality among indigenous peoples in Acre State, Brazil. This was a descriptive observational study based on the nominal bank of the Brazilian Mortality Information System for the period from January 1st, 2000, to December 31st, 2012. The study analyzed the distribution death frequencies by sex and age. Standardized mortality ratio (SMR) was calculated taking Goiânia (Goiás State), Acre State, and the North Region of Brazil as the references. A total of 81 deaths were identified, the majority in men (59.3%) and in individuals over 70 years of age. The five main sites in men were stomach, liver, colon and rectum, leukemia, and prostate. The five main sites in women were uterine cervix, stomach, liver, leukemia, and uterus. In indigenous men there was an excess of deaths from stomach cancer compared to the populations of Goiânia (SMR = 2.72; 2.58-2.87), Acre State (SMR = 2.05; 1.94-2.16) and North region (SMR = 3.10; 2.93-3.27). The same was observed for deaths from hepatic cell carcinomas referenced against Goiânia (SMR = 3.89; 3.66-4.14), Acre State (SMR = 1.79; 1.68-1.91), and the North of Brazil (SMR = 4.04; 3.77-4.30). Among indigenous women, there was an excess of cervical cancer in comparison to Goiânia (SMR = 4.67; 4.41-4.93), Acre State (SMR = 2.12; 2.00-2.24), and the North (SMR = 2.60; 2.45-2.75). The estimates show that preventable neoplasms such as cervical cancer and those linked to underdevelopment, such as stomach and liver cancer, account for 49.4% of deaths among indigenous peoples. Compared to the reference population, mortality from liver, stomach, and colorectal cancer and leukemias was more than twice as high in indigenous men; among indigenous women, cervical, stomach, and liver cancer and leukemias were 30% higher.
El objetivo del estudio fue estimar la mortalidad por cáncer en pueblos indígenas del estado de Acre. Se trata de un estudio observacional descriptivo, a partir del banco de datos nominal del SIM (Sistema de Información Sobre Mortalidad), referente al período de 01 de enero de 2000 a 31 de diciembre de 2012. Se analizó la distribución de frecuencia de óbitos, por sexo y franja de edad, y se calculó la RMP (razón de mortalidad estandarizada), teniendo como referencia Goiânia-GO, Acre y la región norte. Se identificaron 81 óbitos, la mayoría en hombres (59,3%) y por encima de los 70 años. Los cinco principales focos en hombres fueron: estómago, hígado, colon y recto, leucemia y próstata. En las mujeres, cáncer cervical, estómago, hígado, leucemia y útero. En los hombres indígenas, hubo exceso de óbitos por cáncer de estómago, comparados con las poblaciones de Goiânia (RMP = 2,72; 2,58-2,87), estado de Acre (RMP = 2,05; 1,94-2,16) y región norte (RMP = 3,10; 2,93-3,27). Lo mismo se observó en caso de óbitos por hepatocarcinomas, teniendo por referencia Goiânia (RMP = 3,89; 3,66-4,14), estado de Acre (RMP = 1,79; 1,68-1,91) y región norte (RMP = 4,04; 3,77-4,30). Entre las mujeres indígenas, se destaca el exceso de cáncer cervical, en relación con Goiânia (RMP = 4,67; 4,41-4,93), estado de Acre (RMP = 2,12; 2,00-2,24) y región norte (RMP = 2,60; 2,45-2,75). Las estimativas apuntan a que neoplasias susceptibles de prevención, como la cervical, y vinculadas al subdesarrollo, como la de estómago e hígado, correspondieron a cerca de un 49,4% de los óbitos entre indígenas. Comparados con la población de referencia, la mortalidad por cáncer de hígado, estómago, colorrectal y leucemias fue más que el doble entre los hombres indígenas; por cáncer cervical, estómago, hígado y leucemias estuvo por encima de un 30% entre las mujeres indígenas.