RESUMO O objetivo deste artigo é apontar possíveis ações em saúde mental, em momentos de crise, a partir da Rede de Atenção Psicossocial. Utilizou-se de cena ilustrativa para fundamentar a análise, a partir de diferentes concepções sobre o fenômeno. Evidencia-se que concepções hegemônicas e simplificadoras da crise psíquica são centralizadas em sinais e sintomas, e apagam os sentidos do episódio, gerando ações de violência para os envolvidos. Defende-se a busca por respostas complexas, a fim de ampliar possibilidades de entendimento e ação, envolvendo diferentes atores, que estão implicados na produção da cena da crise. Sugere-se uma abordagem amparada em diferentes pontos da rede psicossocial, visto que a manutenção dos laços comunitários é imperiosa e pode se transformar em espaços facilitadores para a aproximação ou manutenção da pessoa na comunidade. Conclui-se que as aberturas possíveis para o acolhimento e as ações em rede encontram limites nas concepções simplificadoras e contraditórias às necessidades das pessoas. Para lidar com a complexidade da crise, necessita-se de outro paradigma, outros olhares, práticas e saberes, que considerem que a pessoa que encarna a crise produz um significado, constrói um saber sobre a vida e sobre a própria crise, e não deve ser colocada no lugar de objeto de intervenção.
ABSTRACT The objective of this article is to point achievable actions in mental health, in times of crisis, from the Psychosocial Care Network. An illustrative scene was used to support this analysis, from different conceptions about this phenomenon. It is evident that the hegemonic and simplifying conceptions of the psychiatric crisis are centered on signs and symptoms that erase the senses of the episode, and generate acts of violence for everyone involved. The search for complex answers is defended, in order to expand possibilities of understanding and action, involving different actors, that are involved in the production of the crisis’s scene. It is suggested an approach supported by different points of the psychosocial network, since the maintenance of the community bonds is imperative and can turn into spaces facilitating the approach or maintenance of the person in the community. It is concluded that the possible openings for the reception and the actions in network find limits in the simplifying conceptions and contradictory to the needs of the people. In order to face the complexity of the crisis, another paradigm is needed, other perspectives, other practices and knowledge that consider that the person who embodies the crisis produces a meaning, builds some knowledge about your life and the own crisis, and should not be placed in the place of intervention object.