Resumo Este artigo analisa materiais de promoção e orientação ao aleitamento materno recentes, pro duzidos pelo Ministério da Saúde (MS) brasileiro, identificando aproximações e diferenças entre os discursos voltados a gestantes e lactantes e aqueles dirigidos a profissionais de saúde em relação aos sentidos propostos acerca da mulher. Com base na teoria da enunciação, identificamos que, mesmo permanecendo o eu ou sujeito da enunciação dos discursos analisados, identificado como MS, per sistem distinções significativas na abordagem da mulher. Nos manuais para profissionais de saúde, nos quais a mulher é o sujeito sobre quem se fala, é mais comum ela aparecer representada como in divíduo dotado de subjetividade e protagonista do processo. Por outro lado, de modo geral, as mulheres são tratadas de forma objetificada nos materiais voltados a elas mesmas, o que se revela por meio de linguagem normativa e imperativa que as configura como instrumento da política oficial de saúde in fantil. Defendemos que compreender como o objeto de que se fala é constituído por/nesses discursos, assim como desvelar como neles se constroem as posições de sujeito e relações de poder, possibilita -nos problematizar essa comunicação que, de modo geral, negligencia as experiências e expectativas da mãe no processo de amamentação.
Abstract This article examines recent promotion and guid ance materials to breastfeeding produced by the Brazilian Ministry of Health, identifying similari ties and differences between the discourses aimed at pregnant and lactating women, and those directed to health professionals in relation to the proposed meanings about women. Based on the theory of enunciation, we identified that, while the self or subject of enunciation is still present in the ana lyzed discourse (identified as Brazilian Ministry of Health), significant distinctions persist in the ap proach of the women's role. In manuals for health professionals, in which the woman is the subject of whom it talks about, she is commonly represented as an individual with subjectivity who is the protago nist of the process. On the other hand, in materials aimed at women, we observed that, in general, they are treated in an objectified way, revealed through a normative and imperative language, which quali fies them as an instrument of the official policy for child's health. We argue that understanding how the object spoken is created by/in these discourses, unveiling how positions and power relations are constructed in them, enables us to discuss this com munication that generally has neglected the experi ences and expectations of mothers in breastfeeding.