RESUMO O artigo buscou analisar as razões para o aparente paradoxo nas eleições nos Estados Unidos da América (EUA), em 2016, em torno do direito à saúde. Enquanto pesquisas de opinião apontavam que a maioria dos americanos era favorável a um sistema universal financiado por um único pagador o Estado, a população americana elegeu Donald Trump, que prometeu, durante a campanha, acabar com o chamado Obamacare (Affortable Care Act). O objetivo deste trabalho foi analisar as eleições de 2016 nos EUA no que tange ao debate em torno do direito à saúde, destacando o significado das três principais candidaturas, Hillary Clinton, Bernie Sanders e Donald Trump. Utilizaram-se jornais digitais, articulando as narrativas da campanha dos candidatos com notícias relevantes em relação ao Obamacare e ao direito à saúde. Os resultados sinalizam que, apesar da popularidade de Sanders, que defende o Direito universal à saúde, o Partido Democrata e sua ala corporativa apoiaram Hillary, devido aos seus vínculos com o grande capital. Com isso, uma nova direita ultranacionalista, populista, conseguiu o poder; e ameaça trazer uma forma de protofascismo americano para o cenário político, no qual se apresenta um retrocesso na luta pelos direitos sociais, inclusive o direito à saúde.
ABSTRACT The paper seeks to analyze the reasons for the supposed paradox in the US elections in 2016 about concerning the right to health. While opinion polls pointed out that most Americans were in favor of a universal system funded by a single-payer, the state, the American population elected Donald Trump, who promised during his campaign to end the so-called Obamacare (Affortable Care Act). The aim of this paper is to analyze the 2016 US elections in relation to the debate about the right to health, highlighting the significance of the three main candidates, Hillary Clinton, Bernie Sanders and Donald Trump. We use digital newspapers, articulating the campaign narratives of the candidates with relevant news regarding Obamacare and the right to health. The results indicate that despite the popularity of Sanders, who defends the universal right to health, the Democratic Party and its corporate wing supported Hillary because of her ties to big capital. With this, a new ultranationalist, populist right has seized power, and threatens to bring a form of American protofascism to the political stage, in which there is a setback in the struggle for social rights, including the right to health.