FUNDAMENTO: A extensão da doença arterial coronariana aterosclerótica em pacientes com angina estável tem importantes implicações prognósticas e terapêuticas. Em modelos atuais de evolução de placas, os trombócitos desempenham um papel importante no crescimento de placas. O volume plaquetário médio é um marcador facilmente determinado, com evidência de correlação com a agregabilidade plaquetária in vitro, além de valores comprovadamente maiores após eventos vasculares agudos. OBJETIVO: No presente estudo, investigou-se a relação entre o volume plaquetário médio e a extensão angiográfica da doença arterial coronariana em pacientes com angina estável. MÉTODOS: Foram analisados prontuários, hemograma completo e dados angiográficos anteriores de 267 pacientes elegíveis com angina estável. A extensão angiográfica da doença arterial coronariana foi avaliada à luz de dados angiográficos, com o uso por um especialista do escore de Gensini em uma cardiologia invasiva. Os valores para o volume plaquetário médio foram obtidos a partir de hemogramas completos, obtidos um dia antes da angiografia. Com relação ao intervalo populacional para o volume plaquetário médio, os pacientes foram agrupados dentro (n = 176) e abaixo (n = 62) do referido intervalo. Foi realizada uma comparação entre grupos e uma análise correlacional. RESULTADOS: Não houve correlação linear entre o escore de Gensini total e o volume plaquetário médio (p = 0,29), ao passo que a contagem total de trombócitos apresentou correlação inversa com o volume plaquetário médio (p < 0,001, r = 0,41). Os pacientes com volume plaquetário médio abaixo do normal apresentaram um escore de Gensini (36,73 ± 32,5 vs. 45,63 ± 32,63; p = 0,023) e doença coronariana triarterial (18% VS. 36%; p = 0,007) significativamente inferiores se comparados com aqueles apresentando valores de volume plaquetário médio dentro dos intervalos populacionais. CONCLUSÃO: Nossas constatações não demonstraram nenhuma relação linear entre o volume plaquetário médio e a extensão da doença arterial coronariana, ao passo que os pacientes com volume plaquetário médio abaixo do normal apresentaram uma extensão reduzida da doença arterial coronariana.
BACKGROUND: Extent of atherosclerotic coronary artery disease in patients with stable angina has important prognostic and therapeutic implications. In current models of plaque evolution, thrombocytes play an important role in plaque growth. Mean platelet volume is a readily obtainable marker that was shown to correlate with platelet aggregability in vitro and increased values were demonstrated after acute vascular events. OBJECTIVE: In this study, we investigated the relationship of mean platelet volume and angiographic extent of coronary artery disease in patients with stable angina. METHODS: Past medical records, complete blood count and angiographic data of 267 eligible stable angina patients were reviewed. Angiographic extent of coronary artery disease was evaluated form angiographic data using Gensini score by an expert in invasive cardiology. Mean platelet volume values were obtained from complete blood counts that obtained one day before angiography. Patients were grouped as those within (n = 176) and lower than (n = 62) population-based range for mean platelet volume. Comparison between groups and correlation analysis was performed. RESULTS: There were no linear correlation between total Gensini score and mean platelet volume (p = 0.29), while total thrombocyte count was inversely correlated with mean platelet volume (p < 0.001; r = 0.41). Patients with lower than normal mean platelet volume had significantly lower Gensini score (36.73 ± 32.5 vs. 45.63 ± 32.63; p = 0.023) and three-vessel disease (18% vs. 36%; p = 0.007) compared with those mean platelet volume values within population-based ranges. CONCLUSION: Our findings show no linear relationship exists between mean platelet volume and extent of coronary artery disease, while patients with lower than normal mean platelet volume had reduced extent of coronary artery disease.