No presente artigo, conforme o entendimento de que modelos teóricos subsidiam a compreensão de fenômenos investigativos, objetivou-se elucidar os conceitos da teoria sociológica de Norbert Elias, considerando-se que esta é uma excelente fonte de análise para se compreender o universo do ser professor, apesar de o autor não abordar diretamente questões relacionadas ao campo da educação. A partir do conceito de configuração, é possível dizer que a constituição do ser professor resulta das diferentes configurações nas quais ele está imerso, pois, de acordo com Elias, as pessoas (professores, pais, gestores, ministros, alunos etc.) modelam suas ideias a partir de todas as suas experiências e, essencialmente, das experiências vividas no interior do próprio grupo. É observável que as configurações, formadas por grupos interdependentes de pessoas, e não por indivíduos singulares, apresentam-se cada vez mais ampliadas nos contextos escolares, com funções especializadas e específicas (professores, alunos, diretores, coordenadores, supervisores, secretários etc.), em grupos que se tornam cada vez mais funcionalmente dependentes. As cadeias de interdependência estão mais diferenciadas e, consequentemente, mais opacas e dificilmente controláveis por parte de quaisquer grupos ou indivíduos. Portanto, uma melhor compreensão será possível quando se estudar empiricamente as configurações que estão em jogo na educação brasileira. Daí se justifica a análise das configurações e das teias de interdependência em que os professores estão envolvidos. Enfim, a aplicação dos modelos de competição abordados por Elias possibilita evidenciar as problemáticas sociológicas do ser professor, tornando-as mais evidentes e facilitando o entendimento do jogo para reorganizá-lo em termos de equilíbrio na teia social.
According to the understanding that theoretical models structure the comprehension of research phenomena, the present article seeks to explore concepts from Norbert Elias's sociological theory, considering that the latter is an excellent analytical source to come to grips with the universe of being teacher, despite the fact that Elias himself did not deal directly with issues related to the field of education. Based on the concept of configuration, it is possible to say that the constitution of being teacher results from the different configurations in which a teacher is immersed since, according to Elias, people (teachers, parents, administrators, ministers, pupils etc.) model their ideas on the basis of all their experiences and, essentially, from the experiences within their own group. It can be observed that configurations, formed by interdependent groups of people, and not by singular individuals, are ever more amplified in school contexts, with specialized and specific functions (teachers, pupils, principals, coordinators, supervisors, secretaries etc.), in groups that become more and more functionally dependent. The interdependence chains are more differentiated and, consequently, more opaque and difficult to be controlled by any groups or individuals. Therefore, a better understanding will be possible when we study empirically the configurations at play in Brazilian education. Hence the justification to analyze the configurations and the webs of interdependence in which teachers are involved. Lastly, the application of the competition models described by Elias makes it possible to unveil the sociological problems of being teacher, making them more evident and helping to understand their interplay, in order to reorganize it in terms of equilibrium within the social web.