Resumo Este artigo busca analisar o acesso e a continuidade do cuidado em trajetórias assistenciais de mulheres através da identificação dos principais pontos de apoio na rede de atenção à saúde. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, realizada em uma região de saúde do Rio de Janeiro, a partir de entrevista semiestruturada com 21 mulheres para produção de suas trajetórias assistenciais. Os dados foram tratados por meio de análise de conteúdo e categorizados em quatro unidades temáticas: os agentes comunitários de saúde, identificados como o primeiro contato e facilitadores do acesso à rede; os profissionais de enfermagem, com quem se estabeleceram os mais fortes vínculos longitudinais e alguma possibilidade de continuidade do cuidado; o médico, que representava a expectativa de cura, mas onde os laços e a comunicação com as usuárias foram mais frágeis; e outros pontos de apoio, representados por atores intermediários (amigos, familiares, figuras políticas e outros) presentes ora como apoio, ora como facilitadores do acesso ao cuidado oportuno. O mosaico de trajetórias produzidas pelas mulheres na rede de atenção à saúde indicou fragilidades para garantia de acesso e continuidade do cuidado, mas também potências para a produção de intervenções e práticas que respondam a desejos e necessidades em saúde.
Abstract This article seeks to analyze the access and continuity of care in women's care trajectories through the identification of the main points of support in the health care network. This is a qualitative research, carried out in a health region of Rio de Janeiro, based on a semi-structured interview with 21 women to produce their care trajectories. The data were treated through content analysis and categorized into four thematic units: community health agents, identified as the first contact and facilitators of access to the network; nursing professionals, with whom the strongest longitudinal bonds and some possibility of continuity of care were established; the doctor, who represented the expectation of a cure, but where ties and communication with users were more fragile; and other points of support, represented by intermediate actors (friends, family, political figures and others) present at times as support, at times as facilitators of access to timely care. The mosaic of trajectories produced by women in the health care network indicated weaknesses to guarantee access and continuity of care, but also potencies to produce interventions and practices that respond to health wants and needs.