Doenças associadas ao sedentarismo podem ser prevenidas por mudanças no estilo de vida. Parte dos benefícios cardiovasculares da atividade física poderia advir de menor grau de inflamação. Este estudo descreve a atividade física de uma população de origem japonesa e analisa sua associação à síndrome metabólica (SM), ajustada para diversas variáveis. Baseou-se em banco de dados previamente constituído a partir de um estudo de base populacional em nipo-brasileiros. Foram incluídos 1330 indivíduos > 30 anos, de ambos os sexos, residentes em Bauru, submetidos a entrevistas, sendo obtidos dados sócio-demográficos, de saúde, de atividade física e de dieta, além de exames médicos e laboratoriais. A avaliação da atividade física enfocou atividades no trabalho e nas horas vagas. O diagnóstico de SM foi baseado em adaptação para asiáticos dos critérios do NCEP. Empregou-se regressão logística, tendo a SM como variável resposta. Homens (46,1%) e mulheres apresentaram médias de idade semelhantes (57,0 ± 12,8 e 56,9 ± 12,2 anos, respectivamente). Houve leve predomínio do sexo feminino. Os homens apresentavam grau de instrução mais elevado e mais freqüentemente eram fumantes (p< 0,001); seus valores médios de IMC, cintura e de pressão arterial (p< 0,001) foram superiores aos das mulheres. Para ambos os sexos, a maioria referia praticar atividades de intensidade leve ou moderada nas horas vagas (81,2% dos homens e 86,6% das mulheres). Quanto ao esforço do trabalho, 87,8% dos homens classificaram seu esforço como leve ou moderado, contra 96,1% das mulheres. A distribuição dos níveis de AF invariavelmente revelou que as mulheres eram mais inativas (p= 0,01). Estratificando-se pela presença da SM, as mulheres e homens com SM eram significantemente mais velhos e apresentavam maiores valores antropométricos. Considerando a duração da caminhada ao trabalho, notou-se tendência a tempo menor entre aqueles com SM (p< 0,078). Conforme esperado, indivíduos com SM apresentaram níveis significantemente maiores de pressão arterial, glicemia, lípides e HOMA-IR quando comparados aos sem SM. O HDL foi menor no grupo com SM, sendo significante no sexo feminino. Os valores médios da PCR foram maiores nos indivíduos com SM. Na regressão logística, a idade, IMC, HOMA-IR e PCR se associaram independentemente à SM, o que não ocorreu com os parâmetros usados para mensurar AF. Nossos achados não permitem afirmar que a inatividade física associa-se à presença de SM numa população nipo-brasileira. A freqüência bastante alta de inatividade física deve ter contribuído para os achados negativos quanto a efeitos protetores da atividade física. O achado de associação da SM à PCR sérica é favorável à hipótese de que um estado inflamatório sub-clínico participe desta síndrome.
Sedentary behavior-related diseases can be prevented by lifestyle changes. Part of the cardiovascular benefits of physical activity (PA) may be due to low-grade inflammation. This study describes the PA of a population of Japanese and analyses its association with metabolic syndrome (MS) adjusted a number of variables. This was based on a database previously created following a population-based study of Japanese-Brazilians. 1,330 subjects aged > 30 years, of both sexes, living in Bauru, were included and they were submitted to interviews, being obtained sociodemographic, health, physical activity and dietary data, as well as clinical and laboratory data. Physical activity assessment focused on activities during work and leisure times. Diagnosis of MS was based on an adaptation of NCEP criteria for Asians. Non-conditional logistic regression had MS as the dependent variable. Men (46.1%) and women showed similar mean ages (57.0 ± 12.8 and 56.9 ± 12.2 years, respectively). A slight preponderance of females was observed. Men had a higher level of education and more frequently were smokers (p< 0.001); their mean values of BMI, waist and blood pressure (p< 0.001) were higher than the women’s. For both sexes, the majority referred light and moderate activities (81.2% of men and 86.6% of women). As far as work time is concerned, 87.8% of men classified their effort as light or moderate versus 96.1% of women. Distribution by PA levels showed that women were always less active than men (p= 0.01). Stratifying by the presence of MS, men and women with MS were significantly older and showed greater anthropometric values. Considering the walking duration for work, there was a tendency of shorter periods among those with MS (p< 0.078). As expected, subjects with MS showed significantly higher levels of blood pressure, plasma glucose, lipids and HOMA-IR when compared to those without MS. HDL levels were lower in the MS group, being significant for the female sex. The mean values of CRP were higher in subjects with MS. In logistic regression, age, BMI, HOMA-IR and CRP were shown to be independently associated with MS, but not parameters used to measure physical activity. Our findings do not allow to state that physical inactivity is associated with MS in a Japanese-Brazilian population. High frequencies of physical inactivity should have contributed to the negative findings concerning protective effects of physical activity. The association of MS and serum CRP favors the hypothesis that a low-grade inflammatory state may participate in this syndrome.