OBJETIVO: Avaliar a prevalência e os fatores associados à discriminação autorrelatada por adolescentes. MÉTODOS: Análise transversal dos adolescentes pertencentes à coorte de nascidos vivos em 1993 na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Dos 5 249 membros da coorte, foram coletadas informações em 2004 e 2005 sobre discriminação autorrelatada, variáveis sociodemográficas, atributos físicos e estado nutricional em 4 452 adolescentes. Regressão de Poisson foi utilizada nas análises bruta e ajustada para estimar as razões de prevalência (RP). RESULTADOS: A prevalência global de discriminação autorrelatada foi de 16,4%. Na análise ajustada, a discriminação foi mais relatada por meninas (RP = 1,27, IC95%: 1,10 a 1,48); heteroclassificados pretos (RP = 1,28, IC95%: 1,04 a 1,57); pelos mais pobres (RP = 1,58, IC95%: 1,23 a 2,02); os que se perceberam como muito magros ou muito gordos (RP = 1,81 e 1,54, respectivamente), com dificuldades financeiras familiares (RP = 1,76, IC95%: 1,49 a 2,08); que usavam óculos (RP = 1,74, IC95%: 1,45 a 2,10), com autopercepção negativa da aparência dental (RP = 1,58, IC95%: 1,21 a 2,07), com reprovação escolar (RP = 1,23, IC95%: 1,01 a 1,51) ou que participaram em brigas no último ano (RP = 1,62, IC95%: 1,36 a 1,94). A associação entre discriminação e estado nutricional foi diferente conforme o sexo (P de interação = 0,009). Meninos magros relataram maior discriminação, enquanto aqueles com sobrepeso e obesidade apresentaram menor prevalência. Em meninas, a prevalência de discriminação foi maior entre as obesas, sendo esse efeito mais forte entre as ricas do que nas pobres. CONCLUSÕES: A discriminação autorrelatada foi prevalente e desigualmente distribuída na população. Intervenções para reduzir experiências discriminatórias devem ser implementadas em fases iniciais da vida.
OBJECTIVE: To evaluate the prevalence of and factors associated with discrimination self-reported by adolescents. METHODS: Cross-sectional analysis of adolescents belonging to a cohort of live births in 1993 in the city of Pelotas, Brazil. From the 5 249 members of the cohort, information was collected from 4 452 adolescents in 2004 and 2005 regarding self-reported discrimination, sociodemographic variables, physical attributes, and nutritional status. A Poisson regression was utilized in the raw and adjusted analyses to estimate prevalence rates (RP). RESULTS: The global prevalence of self-reported discrimination was 16.4%. In the adjusted analysis, discrimination was reported more by the following groups: girls (RP = 1.27, 95%CI: 1.10-1.48), people identified by others as black (RP = 1.28, 95%CI: 1.04-1.57), poorer adolescents (RP = 1.58, 95%CI: 1.23-2.02), those who perceived themselves to be very thin or very fat (RP = 1.81 and 1.54 respectively), those whose families had financial trouble (RP = 1.76, 95%CI: 1.49-2.08), those who wore glasses (RP = 1.74, 95%CI: 1.45-2.10), those who thought their teeth looked bad (RP = 1.58, 95%CI: 1.21-2.07), those who had been reprimanded in school (RP = 1.23, 95%CI: 1.01- 1.51), and those who had been involved in fights in the past year (RP = 1.62, 95%CI: 1.36-1.94). The association between discrimination and nutritional status varied by sex (interaction P = 0.009). Thin children reported greater discrimination than those who were overweight or obese. Discrimination on the basis of obesity was higher among girls, with this effect more strongly felt among rich girls than among poor ones. CONCLUSIONS: Self-reported discrimination was prevalent and unequally distributed among the population. Actions to reduce experiences of discrimination must be implemented during the initial stages of life.