RESUMO Com a mudança do perfil epidemiológico e demográfico no nosso País, a capacidade das Redes de Atenção à Saúde de garantir o acesso e a continuidade de cuidados a usuários egressos de internações hospitalares com necessidades de cuidados na rede tem se tornado um grande desafio. Buscando descrever e analisar os encontros entre atores da produção de cuidado, que refletem em movimentos de redes vivas e potencializam a continuidade do cuidado e a integralidade, uma usuária egressa de internação hospitalar foi acompanhada pelo período de 6 meses tendo como referencial metodológico o usuário-guia. Por meio de entrevistas em profundidade, foi reconstituída a trajetória dessa usuária buscando a continuidade do cuidado pós-alta. As narrativas foram analisadas por meio de Análise Temática de Bardin, em que foram evidenciados momentos de redes vivas e, em outros, falta de rede, que impactaram em barreiras dificultadoras de acesso. Conclui-se que, na riqueza dos encontros, as redes vão se construindo, em momentos, com maior força e potência que em outros. Esses momentos podem impactar diretamente no desfecho dos casos, como o da usuária acompanhada. Necessário investir na formação dos trabalhadores para práticas integrais em saúde que considerem o usuário como protagonista do seu cuidado.
ABSTRACT With the change of the epidemiological and demographic profile in our Country, the capacity of Health Care Networks to guarantee access and continuity of care to users coming from hospital admissions with care needs in the network has become a major challenge. Aiming to describe and analyze the meetings between actors of care production, that reflect in movements of living networks and potentiate the continuity of care and integrality, a user coming from hospital admission was monitored for a period of 6 months having as methodological reference the user-guide. Through in-depth interviews, the trajectory of this user was reconstituted seeking continuity of post-discharge care. The narratives were analyzed through Bardin's Thematic Analysis, in which moments of living networks were evidenced and, in others, lack of networks, which impacted on barriers that made access difficult. It is concluded that, in the richness of the meetings, the networks are being built, in moments, with greater strength and power than in others. These moments can have a direct impact on the outcome of the cases, such as the patient's follow-up. It is necessary to invest in the training of workers for integral health practices that consider the user as the protagonist of their care.