Os efeitos hemostáticos da celulose oxidada (Surgicel) são bem conhecidos. Baseados na similaridade estrutural e em um possível efeito hemostático, estudamos a esponja de celulose liofilizada utilizando dois modelos experimentais. Fase I - Realizada em 12 cães, consistiu na provocação de lesão cortical com sangramento, introdução de fragmento de esponja de celulose liofilizada no interior da lesão e medida do tempo necessário para obter-se hemostasia. Os animais foram sacrificados em 7, 30 e 90 dias. A hemostasia foi obtida, em média, após 1 minuto e nenhum efeito colateral clínico foi detectado. A microscopia mostrou reação histiocitária leve aos 7 e 30 dias, com presença de pequena quantidade de células gigantes tipo corpo estranho. A reação histioplasmocitária regrediu e, aos 90 dias, a celulose estava circundada por pobre reação inflamatória. A membrana liofilizada revelou ter aspecto peculiar, representado por filamentos eosinofílicos, circundados por reação inflamatória, que diminuiu com o tempo. Somente esparsos e irregulares filamenos eosinofílicos foram percebidos aos 90 dias. Fase II - Foram introduzidos fragmentos de dimensões conhecidas de esponja de celulose, no interior do fígado de 12 ratos, que foram sacrificados em 7, 30 e 90 dias. Na autopsia, a inspeção a olho desarmado constatou, aos 30 e 90 dias, a formação de bridas peritoneais na altura do implante. Em todos os animais, especialmente aos 7 dias, a microscopia revelou intensa reação histiolinfoplasmocitária ao redor do implante. Em dois animais, aos 90 dias, detectaram-se grânulos refringentes à luz polarizada, no interior de células gigantes, demonstrando fagocitose ativa de celulose. Em conclusão, observou-se haver necessidade de modelo experimental comparativo para provar a existência de propriedades hemostáticas na esponja. Conseguiu-se, no entanto, provar a existência de reabsorção da celulose em mamíferos através de fagocitose, fato este ainda não relatado na literatura.
Hemostatic effects of oxidized cellulose (Surgicel) are well known. Based on a possible similar effect of a sponge obtained after lyophilization of biosynthetic cellulose, two different experimental studies were planned. Phase I - Pieces of cellulose sponge were inserted into small provoked cortical wounds of twelve dogs. The time elapsed to obtain bloodstill after cortical damage and application of cellulose was observed in every dog, searching to detect any possible hemostatic effect of the material. The animals were sacrificed after 7, 30 and 90 days. An average time of 1 minute was elapsed until bleeding control was achieved. No clinical adverse effect was noticed. Microscopy showed histiocytic and mild foreign body reaction at 7 days, which diminished at 30 days. Almost no reaction surrounded the implant at 90 days. Lyophilized cellulose has a peculiar eosinophilic appearance, composed by thin irregular filaments which diminished their thickness with the time. At 90 days only sparse irregular cellulose filaments could be detected. Phase II - Small equal sponge fragments were inserted in the liver of twelve rats and observed 7, 30 and 90 days. At autopsy, small peritoneal adhesions were noticed at 30 and 90 days. Microscopy showed intense histioplasmocytic and foreign body reaction in all animals mainly at 7 days. In two animals, refringent intracellular cellulose particles were evident inside giant foreign body cells after 90 days. This fact evidences that cellulose can be reabsorbed by phagocytic phenomena when implanted in mammalians. A comparative group with other hemostatic material and the same method must be done to clarify the issue of hemostatic effects of this membrane.