RESUMO Entender o mercado brasileiro de madeira nativa auxilia os gestores florestais e pode orientar as políticas de conservação. Este estudo teve como objetivo avaliar a distribuição espacial e temporal da oferta e demanda da madeira nativa brasileira para quatro produtos: carvão vegetal, madeira em tora, lenha e madeira serrada. Foi utilizado o volume de madeira consumido de 2006 a 2016 em Minas Gerais (MG) totalizando 31 milhões de metros cúbicos e obtido seu fornecedor no Brasil. Esses dados foram usados como entrada para calcular os centros médios e realizar análises de agrupamento. Os centros de abastecimento de madeira para o setor de energia no Brasil passaram do bioma Cerrado para a Caatinga. Essa mudança é consistente com os padrões históricos de expansão agrícola no Brasil. As maiores mesorregiões produtoras de madeira foram: Leste de Mato Grosso do Sul, Sul de Goiás e Centro-Sul da Bahia. Os centros de abastecimento de madeira sólida mudaram-se das regiões Norte para Centro-Oeste, mas permaneceram no bioma Amazônia por quase todos os anos. Esse padrão é provavelmente uma consequência das práticas de regulamentação da madeira na Amazônia. As mesorregiões: Madeira-Guaporé e Leste do Estado de Rondônia, Sudeste e Nordeste do Pará e Norte do Mato Grosso foram os principais fornecedores de madeira maciça para MG. O consumo de madeira para energia está concentrado nas regiões Centro e Norte do Estado de MG, principalmente em Sete Lagoas, polo das indústrias de ferro-gusa e cimento. Os produtos de madeira maciça estão dispersos no Estado de MG, sendo Belo Horizonte, Conselheiro Lafaiete, Ubá e Uberlândia os centros de distribuição de madeira nativa para indústria moveleira de MG. As estatísticas espaciais ajudaram a explorar a atividade do mercado de madeira nativa no Brasil e fornecem informações essenciais para os tomadores de decisão que não estavam disponíveis anteriormente.
ABSTRACT Understanding the Brazilian market for native wood helps forest managers and can guide conservation policies. This study aimed to evaluate the spatial and temporal distribution of supply and demand of the Brazilian native wood for four products namely, charcoal, roundwood, firewood, and sawn wood. We used the consumed wood volume from 2006 to 2016 in Minas Gerais (MG) tracking its supplier in Brazil accounting for 31 million cubic meters. These data were used as input for calculating mean centers and performing grouping analysis. The wood supply centers for the energy sector in Brazil have moved from Cerrado to the Caatinga biome. This change is consistent with historical patterns of agricultural expansion in Brazil. The largest mesoregions producing wood were: East of Mato Grosso do Sul State, South of Goiás State, and Center-South of Bahia State. The solid wood supply centers have moved from the North to Midwest regions but remained within the Amazon biome for almost all the years. This pattern is likely a consequence of timber regulation practices in the Amazon. The mesoregions: Madeira-Guaporé and East of Rondônia State, Southeast and Northeast of Pará State, and North of Mato Grosso State were the most important suppliers of solid wood to MG. Wood consumption for energy is centered in the Center and North regions of MG State, especially in Sete Lagoas, a hub of pig iron and cement industries. Solid wood products are dispersed in MG State, being Belo Horizonte, Conselheiro Lafaiete, Ubá, and Uberlândia the distribution centers of native wood for the furniture industry within MG. The spatial statistics helped to exploit the activity of the native wood market in Brazil and provides essential information for decision-makers that was not previously available.