RESUMO Objetivo Avaliar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes com distúrbios olfatórios no cenário de pandemia da COVID-19. Métodos Foram selecionados pacientes com queixa de perda de olfato, previamente triados pelo sistema de telemonitoramento da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (GO), Brasil, que concordaram em responder um questionário sobre sintomas e achados de exame em relação à COVID-19. As entrevistas foram realizadas por seis médicos otorrinolaringologistas que, via telefonema, submeteram os participantes a questionário específico. Resultados Dos 13.910 pacientes em telemonitoramento, 627 (4,51%) apresentavam queixas de alteração do olfato, e, destes, 330 foram incluídos na pesquisa. A maior prevalência de alteração do olfato se deu em mulheres (67%), e em pacientes com menos de 50 anos (86%). Na maioria dos casos, as manifestações ocorreram de forma súbita (70%), e nos primeiros 5 dias de doença (80%). O sintoma associado mais prevalente foi alteração do paladar (89%), e houve necessidade de internação hospitalar somente em 2,7% dos pacientes entrevistados. Conclusão A anosmia na COVID-19 é mais prevalente no sexo feminino e em pacientes com menos de 50 anos. Juntamente da disgeusia, trata-se de importante sintoma inicial preditivo da doença.
ABSTRACT Objective To assess the clinical and epidemiological profile of patients with olfactory dysfunction in the scenario of COVID-19 pandemic. Methods The study selected patients with loss of smell, previously screened by telemonitoring system of the Municipal Health Department of Goiânia (GO), Brazil, who agreed to answer a questionnaire about COVID-19 symptoms and findings of exams. The interviews were conducted by six otolaryngologists, who applied the specific questionnaire, over the phone. Results A total of 13,910 patients underwent telemonitoring, and 627 (4.51%) had olfactory loss complaints. Out of them, 330 were included in the survey. We observed a higher prevalence of altered smell in women (67%), and in patients aged under 50 years (86%). In most cases the manifestations had a sudden onset (70%), and in the first 5 days of illness (80%). The most prevalent associated symptom was a change in taste (89%), and only 2.7% of interviewed patients required hospitalization. Conclusion Anosmia in COVID-19 is more prevalent in females and individuals aged under 50 years. It is a relevant initial symptom predictive of the disease, together with dysgeusia.