Resumo Este artigo visa apresentar algumas contribuições de uma pesquisa-intervenção situada no campo saúde mental infanto-juvenil brasileira baseada na estratégia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM). Apesar dos avanços obtidos na Reforma Psiquiátrica, a gestão da medicação é ainda um ponto nevrálgico em nosso país. As experiências vividas pelos usuários de psicotrópicos e seus familiares raramente são consideradas um saber legítimo em relação ao tratamento, e, quando esses usuários são crianças, a problemática se torna ainda mais complexa. Além dos engessamentos e barreiras impostas pela produção do diagnóstico de transtorno mental, lidamos com uma delimitação da concepção de infância na modernidade que, por um lado, produz relações de atenção e proteção consideradas necessárias para o desenvolvimento das crianças, e, por outro, acabaram gerando impossibilidades e limites à participação infantil em seus processos de cuidado. Esta pesquisa, portanto, objetivou exercitar a participação infantil no contexto da saúde mental infanto-juvenil brasileira por meio da proposição de um grupo GAM no Centro de Atenção Psicossocial de Vitória-ES. O grupo ocorreu semanalmente, durando cerca de uma hora e meia. Participaram, além dos pesquisadores, 21 familiares de crianças e profissionais do serviço. Para delimitação deste artigo, optou-se por narrar de forma mais aprofundada a experiência de uma das mães do grupo e seu filho, de modo a acessar os paradoxos e ambiguidades vividos em torno do uso do medicamento e os efeitos da abertura à experiência de participação infantil neste processo.
Abstract This article presents some contributions of an intervention research on the mental health of children and adolescents based on the Autonomous Medication Management (GAM) strategy. Medication management is a critical issue in the Brazilian country despite the advances spurred by the Psychiatric Reform. Rarely do treatments consider the experiences lived by psychotropic users and their relatives as legitimate knowledge, and such issue becomes even more complex when these users are children. Besides the difficulties and barriers imposed by the diagnosis of mental disorder, the conception of childhood has been delimitated in the modern era, which produces relations of attention and protection considered necessary for children development, but end up creating impossibilities and limits to child participation in their care processes. Considering that, through the proposition of an Autonomous Medication Management (GAM) group at the Child and Youth Psychosocial Care Center (CAPSi) in Vitória/ES, this research aims to stimulate children’s participation in the context of mental health for children and adolescents in Brazil. The group included researchers, twenty-one family members of the children, and professionals, and consisted of weekly meetings of about one hour and a half. This article thoroughly describes the experience of one mother from the group and her son, discussing the paradoxes and ambiguities regarding the medication use, as well as the effects of the openness to the experience of infant participation in this process.
Resumen Este artículo pretende presentar las contribuciones de una investigación-acción en el ámbito de salud mental infantojuvenil brasileña desde la estrategia de la Gestión Autónoma de la Medicación (GAM). A pesar de los avances obtenidos con la Reforma Psiquiátrica brasileña, la gestión de la medicación todavía es muy importante en este país. Las experiencias vividas por los usuarios de psicotrópicos y sus familias raramente se consideran un saber legítimo en relación al tratamiento, y el tema se vuelve aún más complejo cuando los usuarios son niños. Además de las barreras impuestas por la producción del diagnóstico de trastorno mental, la concepción de infancia en la modernidad produce, por un lado, relaciones de atención y protección consideradas necesarias para el desarrollo de los niños y, por otro, genera imposibilidades y límites a la participación infantil en sus procesos de cuidado. En esta investigación se propone abordar la participación infantil en el contexto de la salud mental infantojuvenil brasileña, por medio de la proposición de un grupo GAM en el Centro de Atención Psicosocial de Vitória (Brasil). Las reuniones del grupo se llevaron a cabo semanalmente con aproximadamente una hora y media de duración. Participaron, además de los investigadores, 21 familiares de niños y profesionales del centro. Para delimitar este artículo, se optó por narrar de forma más profundizada la experiencia de una de las madres y su hijo para que se comprendan las paradojas y ambigüedades acerca del uso del medicamento y los efectos de la apertura a la experiencia de participación infantil en este proceso.