INTRODUÇÃO: A Reforma Psiquiátrica brasileira, um processo ainda em curso, bem como seus desdobramentos, envolvem a construção de novos modos de estar diante do sujeito em adoecimento, estabelecendo, no campo da saúde mental, uma nova forma de compreender os seus determinantes sociais que se refletem na desinstitucionalização e na inclusão social. OBJETIVO: Este estudo multidimensional, no âmbito da desinstitucionalização em saúde mental, objetiva explorar e analisar como nas experiências de um movimento comunitário no Nordeste do Brasil, na perspectiva dos profissionais, evidenciam-se determinantes sociais do processo com o qual interagem. MÉTODO: O estudo se fundamenta no enfoque qualitativo, adotando como desenho o estudo de caso e como técnicas entrevistas e grupos focais. Na categorização das informações, partiu-se da relação entre as dimensões constituintes da Reforma Psiquiátrica - epistemológica, assistencial, jurídico-política e sociocultural; e distintos determinantes sociais em saúde - condições de vida, ambiente e trabalho, redes comunitárias e apoio, condições econômicas, culturais e ambientais, comportamentos e estilos de vida. RESULTADOS: Os achados revelam ênfase no sujeito social; inserção de novos modos de produzir saúde; diálogos com múltiplos atores; construção da autonomia; gestão participativa; formação e profissionalização; reorganização do processo de trabalho; valorização das atividades tecidas no cotidiano, dentre outros elementos em estreita interface com os determinantes de saúde. CONCLUSÃO: As práticas de cuidado do Movimento implicam desconstrução do modelo tradicional de atenção à saúde mental, potencializando novas formas de cidadania, contribuindo para desinstitucionalização e favorecendo equidade de renda, coesão social e participação política para a promoção e proteção da saúde.
INTRODUCTION: The Brazilian Psychiatric Reform, an ongoing process, and its developments involve the construction of new ways of seeing the subject in illness, establishing the mental health field in a new way of understanding the social determinants that reflect in the deinstitutionalization and social inclusion. OBJECTIVE: This study, multidimensional analysis of the relationship between social determinants and deinstitutionalization in mental health focusing on a community movement in Northeast Brazil, whose proposed work is subjective and psychosocial dimensions, aims to explore and analyze how the experiences in course of the Movement highlights the importance of social determinants, the perspective of professionals. METHODS: The methodological approach outlined in the qualitative approach in the form of case studies, employing techniques such as interviews and focus groups. The categorization of analytical information was built from the relationship established between a model based on the constituent dimensions of the psychiatric reform, covering different planes, namely epistemological, healthcare, legal and socio-political, and social determinants of health - living conditions, and work environment, community networks and support, economic, cultural and environmental behaviors and lifestyles. RESULTS: The results show emphasis on the social subject, making the processing and knowledge of professionals, adding new ways to produce health; dialogue with multiple stakeholders, building autonomy, participative management, concern for professionalization; reorganizing the work process; appreciation of the everyday activities that weave and; invention of a new social site, among other elements in close interface with the determinants of health. CONCLUSION: These elements indicate that care practices woven into the daily life of the Movement involve the disassembling the traditional model of mental health care, stimulating new forms of citizenship, thus contributing to the institutionalization and promoting equality of income, social cohesion and participation policy for the promotion and protection of health.