Trata-se de uma pesquisa qualitativa embasada no referencial da fenomenologia análise da estrutura do fenômeno situado, cujo objetivo é compreender a criança institucionalizada vítima de violência por meio de sessões de brinquedo terapêutico. Participaram três crianças abrigadas em idade pré-escolar, sendo um menino e duas meninas. As sessões de brinquedo terapêutico do tipo dramático foram realizadas em um local reservado, variando de trinta a cinquenta minutos, com a seguinte proposta norteadora: "Vamos brincar de uma criança que mora no abrigo?" Foi possível apreender duas amplas categorias temáticas: o brincar e o faz de conta e o brincar e a realidade. Ao brincar de faz de conta, ora de modo tranquilo, ora de modo violento, as crianças trouxeram conteúdos que evidenciaram situações de seu cotidiano familiar. Ao exporem sua realidade, as crianças abordaram questões sobre a instituição de abrigamento e a vinculação com estes profissionais e com os familiares. É possível afirmar que o brinquedo terapêutico permitiu uma comunicação eficaz da criança por meio da expressão de seus sentimentos, de seus desejos, de suas experiências vividas, de críticas ao meio onde vive e às relações familiares, além de possibilitar um momento de prazer e de descontração.
This qualitative research is based on the reference framework of Phenomenology analysis of the structure of the situated phenomenon, and aims to understand institutionalized children victims of violence through therapeutic play sessions. Participants were three sheltered children of preschool age, one boy and two goals. The therapeutic play sessions of the drama type were held in a reserved place and ranged from 30 to 50 minutes, using the following guiding proposal: "Let us play that we are children who live at the shelter?" Two broad theme categories could be captured: playing and pretending and playing and reality. When they are pretending while playing, sometimes calmly, sometimes violently, the children brought contents that evidenced situations in their daily family reality. When they expose their reality, the children addressed questions about the shelter institution and the bond with these professionals and with the relatives. It can be affirmed that therapeutic play allowed for the children's effective communication by expressing their feelings, desires, experiences, criticism against the environment they live in and family relations, besides permitting a moment of pleasure and relaxation.