Resumo Introdução: A recorrência do carcinoma basocelular (CBC) cutâneo está associada a margens cirúrgicas inadequadas. A frequência e os fatores associados a margens cirúrgicas comprometidas ou inadequadas no carcinoma basocelular de cabeça e pescoço variam. Objetivo: Avaliar os fatores clínicos e patológicos associados a margens cirúrgicas inadequadas no carcinoma basocelular de cabeça e pescoço. Método: Conduzimos um estudo transversal que abrangeu todos os pacientes submetidos à resseçcão de carcinoma basocelular de cabeça e pescoço de janeiro de 2017 a dezembro de 2019. Dados sobre idade, sexo, topografia na cabeça e pescoço, achados histopatológicos e estadiamento foram recuperados e comparados. Cada tumor foi considerado como um caso individual. As margens comprometidas e próximas foram denominadas ‘‘inadequadas’’ ou ‘‘incompletas’’. As variáveis que foram significantemente associadas à presença de margens incompletas foram avaliadas adicionalmente por regressão logística. Resultados: Foram incluídos 605 tumores de 389 pacientes. No geral, 16 casos (2,6%) foram classificados como comprometidos, 52 (8,5%) como próximos e 537 (88,7%) como margens livres. Presença de esclerodermia (p = 0,005), nível de Clark mais elevado (p < 0,001), variantes agressivas (p < 0,001), invasão além do tecido adiposo (p < 0,001), estágio T mais avançado (p < 0,001), invasão perineural (p = 0,002), sítio primário (p = 0,04), multifocalidade (p = 0,01) e diâmetro do tumor (p = 0,02) mostraram associação com margens inadequadas. Após a regressão logística, a multifocalidade, o nível de Clark e a profundidade de invasão foram considerados fatores de risco independentes para margens inadequadas. Conclusão: O exame clínico macroscópico pode ser suficiente para determinar baixa prevalência de margens cirúrgicas inadequadas no tratamento do carcinoma basocelular de cabeça e pescoço em centros oncológicos altamente experientes. Multifocalidade, nível de Clark e profundidade de invasão foram considerados fatores de risco independentes para margens incompletas.
Abstract Introduction: Cutaneous basal cell carcinoma recurrence is associated with inadequate surgical margins. The frequency of and the factors associated with compromised or inadequate surgical margins in head and neck basal cell carcinoma varies. Objective: The purpose of this study was to evaluate the clinical and pathological factors associated with inadequate surgical margins in head and neck basal cell carcinoma. Methods: We developed a cross-sectional study comprising all patients who had undergone resection of head and neck basal cell carcinoma from January 2017 to December 2019. Data on age, sex, head and neck topography, histopathological findings, and staging were retrieved and compared. Each tumor was considered an individual case. Compromised and close margins were termed ‘‘inadequate’’ or ‘‘incomplete’’. Variables that were significantly associated with the presence of incomplete margins were further assessed by logistic regression. Results: In total, 605 tumors from 389 patients were included. Overall, sixteen cases (2.6%) were classified as compromised, 52 (8.5%) as close, and 537 (88.7%) as free margins. Presence of scleroderma (p = 0.005), higher Clark level (p < 0.001), aggressive variants (p < 0.001), invasion beyond the adipose tissue (p < 0.001), higher T stage (p < 0.001), perineural invasion (p = 0.002), primary site (p = 0.04), multifocality (p = 0.01), and tumor diameter (p = 0.02) showed association with inadequate margins. After Logist regression, multifocality, Clark level and depth of invasion were found to be independent risk factors for inadequate margins. Conclusion: Gross clinical examination may be sufficient for determining low prevalence of inadequate surgical margins when treating head and neck basal cell carcinoma in highly experienced oncologic centers. Multifocality, Clark level and depth of invasion were found to be independent risk factors for incomplete margins.