RESUMO: Objetivo: Verificar as tendências temporais das taxas de mortalidade, dos anos de vida perdidos (years of life lost - YLL) e dos anos de vida perdidos devido à incapacidade (years lost due to disability - YLD) motivadas pela doença cerebrovascular no Brasil entre 1990 e 2015. Métodos: Utilizou-se as informações do Global Burden of Diseases 2015 (GBD 2015) para analisar a magnitude e as tendências das taxas de mortalidade e dos anos de vida ajustados por incapacidade (DALY - disability-adjusted life years) nas 27 unidades da Federação, entre 1990 e 2015, pela doença cerebrovascular (CID-10: I-60-69). Os estados brasileiros foram analisados pelo índice de desenvolvimento social (IDS), composto por renda per capita, proporção de escolaridade formal aos 15 anos e taxa de fecundidade. Resultados: Apesar do aumento do número absoluto de mortes pela doença cerebrovascular, a proporção de mortes abaixo dos 70 anos de idade reduziu pela metade entre 1990 e 2015. A aceleração da queda foi maior entre as mulheres, e mais acentuada no período de 1990 e 2005 do que de 2005 a 2015. O risco de morte reduziu-se à metade em todo o país; porém, os estados no tercil inferior tiveram reduções menos expressivas para homens e mulheres (respectivamente, -1,23 e -1,84% ao ano), comparados aos no tercil médio (-1,94 e -2,22%) e no tercil superior (-2,85 e -2,82%). Os anos perdidos por incapacidade também apresentam redução entre os estados, mas de forma menos expressiva. Conclusão: Apesar da redução das taxas ajustadas por idade em todo o país, a doença cerebrovascular ainda apresenta alta carga de doença, principalmente nos estados com menor desenvolvimento socioeconômico.
ABSTRACT: Objective: To verify the time trends of mortality rates, years of lost life (YLL), and years lived with disability (YLD) caused by cerebrovascular disease in Brazil between 1990 and 2015. Methods: The estimates from the Global Burden of Diseases 2015 were used to analyze the magnitude and trends of mortality rates and disability-adjusted life years (DALY) for cerebrovascular disease (ICD-10: I-60-69) in the 27 units of the Federation between 1990 and 2015. The states were analyzed by the social development index (SDI), based on average income per person, educational attainment at 15 years- old and total fertility rate. Results: Despite the increase in the absolute number of deaths due to cerebrovascular disease, the proportion of deaths below 70 years of age has been halved between 1990 and 2015. The acceleration of the reduction was higher among women; and increased from 1990 to 2005, when compared to the period from 2005 to 2015. The risk of death has been halved across the country, but states in the lower SDI tertile had less significant reductions (-1.23 and -1.84% a year) compared to the middle tertile (-1.94 and - 2.22%) and the upper tertile (-2.85 and -2.82%) for men and women, respectively. The years lived with disability also presented a reduction among states, but less expressively. Conclusion: Despite the reduction of age-adjusted mortality rates throughout the country, cerebrovascular disease still presents a high disease burden, especially in states with lower socioeconomic development.