OBJETIVO: avaliar os resultados maternos e perinatais de gestações complicadas por doenças falciformes, comparando-as com portadoras de traço falciforme. MÉTODOS: este estudo é uma coorte retrospectiva, abrangendo o período de Março de 2001 a Abril de 2008, tendo sido incluídas todas as gestantes portadoras de doença falciforme (n=42) acompanhadas em hospital universitário da região sudeste do Brasil. Os resultados maternos e perinatais foram comparados com os de gestantes portadoras de traço falciforme (n=56) acompanhadas no mesmo serviço. RESULTADOS:a hemoglobinopatia SS foi diagnosticada em 42 gestantes (82,4%) e a SC em nove (17,6%). A idade materna foi significativamente menor no grupo com doença falciforme (média=26,0; SD=4,3) quando comparadas às com traço falciforme (média=28,7, DP=7,1; p=0,018). As seguintes complicações maternas foram significativamente mais frequentes no grupo com doença falciforme em comparação ao grupo com traço falciforme: infecção do trato urinário (25,5 versus 8,9%; p=0,04), pneumonia (23,5 versus 1,8%; p=0,002), hipertensão pulmonar (15,7 versus 0%; p=0,002), e transfusão no parto/pós-parto (33,3 versus 5,4%; p=0,001). Resultados perinatais adversos foram significativamente mais frequentes no grupo com doença falciforme quando comparados ao grupo com traço falciforme: prematuridade (49 versus 25%; p=0,01), média da idade gestacional no parto (35,2 versus 37,9 semanas; p<0,001), diagnóstico de sofrimento fetal (56,9 versus 28,6%; p=0,006), peso do recém-nascido <2.500g (62,7 versus 17,9%; p<0,001), média do peso do recém-nascido (2.183 versus 2.923 g; p<0,001) e recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (29,4 versus 10,7%; p=0,02). Duas mortes maternas (3,9%) ocorreram no grupo com doença falciforme. CONCLUSÕES: gestantes portadoras de doença falciforme apresentam maior risco para morbidade materna e resultados perinatais adversos quando comparadas às portadoras de traço falciforme.
PURPOSE: the aim of this study was to describe perinatal and maternal outcomes of pregnancies complicated by sickle cell disease (SCD), comparing to pregnancies of women with sickle cell trait (SCT). METHODS: this was a retrospective cohort study, covering the period from March 2001 to April 2008, which included all pregnant women with SCD (n=42) followed up at a university hospital in the Southeast region of Brazil. The maternal and perinatal outcomes were compared to those of pregnant women with SCT (n=56) who were followed up at the same service. RESULTS:SCD-SS was diagnosed in 42 (82.4%) pregnant women and SC in 9 (17.6%). Mean (±SD) maternal age was significantly lower in the SCD group (26.0 years) compared to SCT women (28.7±7.1 years; p=0.018). The following maternal complications were more common among women with SCD in comparison to SCT: urinary tract infection (25.5 versus 8.9%; p=0.04), pneumonia (23.5 versus 1.8%; p=0.002), pulmonary hypertension (15.7 versus 0%; p=0.002), and blood transfusion during delivery or postpartum (33.3 versus 5.4%; p=0.001). Adverse perinatal outcome was more frequent in the SCD group compared to the SCT group: prematurity (49 versus 25%, p=0.01); mean gestational age at delivery (35.2 versus 37.9 weeks, p<0.001); fetal distress (56.9 versus 28.6%, p=0.006); birth weight <2,500 g (62.7 versus 17.9%, p<0.001); mean birth weight (2,183 versus 2,923 g, p<0.001), and small for gestational age infants (29.4 versus 10.7%, p=0.029). Two maternal deaths (3.9%) occurred in the group with SCD. CONCLUSION: Pregnant women with SCD are at greater risk for maternal morbidity and for adverse perinatal outcomes than women with SCT.