RESUMO A formação estética docente, relacionada a processos, experiências e repertórios que contribuem para alargar a sensibilidade e ampliar as possibilidades de interpretação e de atuação no mundo, é o foco do presente artigo, resultado de investigação realizada com professoras em formação inicial. Situado no campo teórico-metodológico das abordagens autobiográficas, o estudo articulou fundamentos de uma pedagogia da autonomia e práticas artísticas. O trabalho com múltiplas linguagens sustentou os saberes-fazeres de encontros-ateliê, principal dispositivo de geração de dados biográficos, arquitetado para perscrutar a questão: O que marca a educação das sensibilidades de professoras em formação inicial? Caracterizado como espaço para o exercício de rememorar e tecer narrativas de processos formativos, nos encontros-ateliê fez-se uso de artefatos artístico-expressivos, até chegar à escrita narrativa. Os percursos visibilizados indicam que: a formação estética vai sendo tecida, desde a infância, com miudezas, com fios não apenas da arte, mas sobretudo da/na natureza; as experiências estéticas, que conectam sensibilidade e cognição, fazem-se com a presença de figuras de ligação que ajudam a ampliar sentidos e significar a vida pelo afeto. Um aspecto da metodologia também foi ressaltado: a forma e o conteúdo dos encontros-ateliê, apoiando a escuta de professoras em formação por meio de fazeres artísticos-artesanais-corporais, além de validar um singular dispositivo para a pesquisa autobiográfica, legitimam um instrumento de formação que propicia mais do que um conhecimento de si, a prática de si.
ABSTRACT Teacher aesthetic education, related to processes, experiences and repertoires that contribute to broaden the sensitivity and expand the possibilities of interpretation and enactment in the world, is the focus of this paper, the result of research carried out with teachers in initial education. Located in the theoretical-methodological field of autobiographical approaches, the study articulated the foundations of a pedagogy of autonomy and artistic practices. The work with multiple languages supported the knowing-doings of encounter-ateliers, the main device for generating biographical data, designed to investigate the following question: What marks the education of the sensibilities of teachers in initial training? Characterized as a space for the exercise of remembering and weaving narratives of formative processes, in the encounter-ateliers, artistic-expressive artifacts were used, until reaching the narrative writing. The displayed routes indicate that: aesthetic education has been woven, since childhood, with delights, with threads not only from art, but mainly from/in nature; the aesthetic experiences, which connect sensitivity and cognition, take place with the presence of connecting figures that help to expand meanings and signify life through affection. An aspect of the methodology was also highlighted: the form and content of the encounter-ateliers, supporting the listening of teachers in training through artistic-handicraft-bodily activities, in addition to validating a singular device for autobiographical research, legitimize an instrument of training that provides more than knowledge of oneself, the practice of oneself.