Resumo: A cultura digital e sua rede de comércio, expandida a partir dos anos 2000 com o advento das plataformas de redes sociais, incita seus partícipes à (hiper) exposição e espetacularização das intimidades, com consequências inerentes à imagem pessoal e à privacidade, publicizando nos meios digitais questões de foro íntimo, especialmente os relativos à sexualidade e corporalidade. Nesse contexto, busca-se compreender como o fenômeno do abuso digital nas relações afetivo-sexuais é conceituado e caracterizado nos estudos científicos, quais agravos à saúde são associados e tecnologias sociais de intervenção são sugeridas. Essa forma de abuso digital é uma nova expressão da violência entre parceiros íntimos que envolve, dentre outras práticas, a disseminação de fotos e vídeos constrangedores e mensagens íntimas sem o consentimento prévio, com o intuito de humilhar e difamar a pessoa. O presente trabalho constitui uma revisão sistemática integrativa, incluindo 35 artigos, predominando os estudos norte-americanos (22). Dentre os tipos de abusos digitais se destacam as formas de agressão direta e controle/monitoramento. Apesar da alta prevalência, especialmente entre adolescentes e jovens, a literatura destaca que a prática desse tipo de abuso digital é muitas vezes naturalizada. As intervenções sugeridas são majoritariamente de prevenção e conscientização acerca dos relacionamentos abusivos, atuação de conselheiros na escola e para a orientação às famílias. A alta reciprocidade da prática do abuso digital nas relações afetivo-sexuais entre homens e mulheres indica que análises futuras devem buscar compreender como as dinâmicas de violência de gênero são aí reproduzidas ou subvertidas.
Abstract: Cyber culture with its related e-commerce, expanded since the 2000s through the advent of social network platforms, incites participants to engage in hyper-exposure and spectacularization of their private lives, with inherent consequences for personal image and privacy, publicizing private matters (especially those pertaining to sexuality and corporality) in the digital media. This raises the need to understand how the phenomenon of cyber dating abuse in affective and sexual relationships is conceptualized and characterized in scientific studies, which health problems are associated with it, and which social technologies are suggested for intervention. This form of abuse is a new expression of intimate partner violence that involves, among other practices, posting embarrassing photos and videos and intimate messages without prior consent, with the purpose of humiliating and defaming the person. The current study is an integrative systematic review, including 35 articles, with a predominance of studies in the United States (22). Types of cyber dating abuse range from direct aggression to stalking. Despite the high prevalence, especially among adolescents and youth, the literature highlights that this type of cyber abuse is often taken for granted. The suggested interventions are mostly for prevention and awareness-raising concerning relationship abuse, action by school counselors, and family orientation. The high reciprocity of cyber dating abuse between males and females indicates that future studies should attempt to elucidate how the dynamics of gender violence are reproduced or subverted by it.
Resumen: La cultura digital y su red comercial se expandieron a partir de los años 2000 con el advenimiento de las plataformas de redes sociales, incitando a sus partícipes a la (hiper) exposición y espectacularización de sus intimidades, con consecuencias inherentes a la imagen personal y a la privacidad, publicitando en los medios digitales cuestiones de carácter íntimo, especialmente las que son relativas a la sexualidad y corporalidad. En este contexto, se busca comprender cómo es concebido y caracterizado el fenómeno del abuso digital en las relaciones afectivo-sexuales en los estudios científicos, qué daños a la salud están asociados al mismo y qué tecnologías sociales de intervención se sugieren. Esta forma de abuso digital es una nueva expresión de la violencia en pareja que involucra, entre otras prácticas, la difusión de fotos y vídeos comprometedores y mensajes íntimos sin consentimiento previo, con el fin de humillar y difamar a la persona. El presente trabajo constituye una revisión sistemática integradora, incluyendo 35 artículos, donde predominan estudios norteamericanos (22). Entre los tipos de abusos digitales se destacan las formas de agresión directa y control/monitorización. A pesar de la alta prevalencia, especialmente entre adolescentes y jóvenes, la literatura destaca que la práctica de este tipo de abuso digital está considerada muchas veces natural. Las intervenciones sugeridas son mayoritariamente de prevención y concientización sobre las relaciones abusivas, actuación de orientadores en la escuela y en las familias. La alta reciprocidad de la práctica del abuso digital en las relaciones afectivo-sexuales entre hombres y mujeres indica que los análisis futuros deben buscar comprender cómo se reproducen y subvierten las dinámicas de violencia de género en este contexto.