Abstract Objetivo: Avaliar a concordância da terapêutica com medicamentos modificadores de prognóstico (MMP) em pessoas com insuficiência cardíaca crónica com fração de ejeção reduzida (P-CICFEr), em cuidados de saúde primários (CSP) na região Centro de Portugal, com as diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) de agosto de 2021. Métodos: Estudo observacional transversal de uma amostra representativa do tamanho, intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 8%, da população com CICFEr em 31/dezembro/2021. Foram estudados idade, sexo, ano de diagnóstico da introdução da Classificação Internacional para Cuidados Primários-2 (ICPC-2, K-77), anos desde o último ecocardiograma, MMPs para P-CICFEr e outras terapêuticas para P-CICFEr. Participaram, convidadas por conveniência, 11 Unidades de Saúde Familiar após parecer positivo da Comissão de Ética. Resultados: Num universo de n=2.381 pessoas com insuficiência cardíaca (PCIC) encontraram-se n=453 (19,0%) (P-CICFEr) estudando-se uma amostra representativa de n=133 (5,6%), n=95 homens (71,4%). Verificou-se prescrição de medicamentos inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona (iSRAA) 91,0%, de betabloqueadores em 75,2%, de antagonistas mineralocorticoides em 40,6%, de inibidores da SGLT2 em 44,4%, de inibidores da neprilisina em 38,3% e de diuréticos de ansa em 72,2%. A terapêutica farmacológica quádrupla verificou-se em n=28 (21,1%) P-CICFEr e a tripla em n=38 (28,6%). Verificou-se idade média de 74,3±11,6 anos, 75,1±4,0 no homem e 76,6±6,0 na mulher, p=0,088. A mediana de tempo desde o diagnóstico ICPC-2 foi de 6,0 anos no homem e de 4,0 anos na mulher, p=0,031. O tempo mediano desde o último ecocardiograma foi de três anos, p=0,750. Conclusão: Os medicamentos modificadores de prognóstico, segundo as diretrizes mais recentes da ESC para a CICFEr, estavam subutilizados em 50,4% dos casos. Apesar dos resultados encontrados é necessária reflexão acerca das barreiras que os médicos possam encontrar para aplicar as diretrizes em P-CICFEr.
Resumo Objective: To evaluate the accordance of prognostic medicines prescription (PMP), for persons with chronic heart failure with reduced ejection fraction (P-CHFrEF), attended in primary health care units in Central Portugal, with the European Society of Cardiology (ESC) 2021 August, guidelines. To know about mean age, median time since the diagnosis and last echocardiogram performance in P-CHFrEF. Methods: Observational, cross-sectional study of a random size representative sample, 95% confidence interval, and 8% error margin of the P-CHFrEF of a population on 31st December 2021. Age, gender, year of International Classification for Primary Care-2 (ICPC-2, K-77) problem classification input data, years since the last echocardiogram, ongoing PMP and the use of other chronic heart failure (CHF) drugs were gathered. Data were obtained from 11 Portugal Primary Health Care Units, invited by convenience, after an Ethics Committee approval. Results: From a universe of n=2,381 persons with CHF, n=453 (19.0%) P-CHFrEF was found. A size representative sample of P-CHFrEF of n=133 (5.6%), n=95 males (71.4%) was studied. Prescription of a renin-angiotensin system inhibitor (RAAS-I) was ongoing in 91.0%, beta-blocker (BB) in 75.2%, mineralocorticoid antagonists (MRA) in 40.6%, inhibitors of the sodium-glucose cotransporter-2 (SGLT2i) in 44.4%, neprilisine inhibitors 38.3% and loop diuretics in 72.2%. The optimized medical quadruple therapy was established in 28 patients (21.1%) and the triple one in 38 (28.6 %). Mean age was of 74.3±11.6 years, males 73.4±11.0 and females 76.6±12.9, p=0.088. The median time since the diagnosis was 6.0 for men and 4.0 for women, p=0.031. The median time since the last echocardiogram was 3.0, p=0.750 between genders. Conclusion: According to the 2021 ESC guidelines, prognostic modifying medicines were underused for 50.4% of P-CHFrEF. Even with these results, a reflection must be made, on the barriers physicians encounter, to comply with the ESC guidelines in such patients.