Resumo Na presente contribuição não buscamos responder à questão do conjunto de critérios contemporâneos que fundam a seleção ou a construção de um objeto patrimonial pois eles são múltiplos e variados. Nos propomos a evidenciar um critério de eligibilidade que, a nosso ver, não está documentado na literatura científica ou está apenas de maneira implícita. Propomos a noção de affordance patrimonial e defendemos a ideia supondo que tudo seja patrimonializável, da probabilidade que os diferentes candidatos que constituem esse tudo constituam esse processo dependendo da intensidade de sua affordance patrimonial. Parafraseando a célebre anedota, algo cínica, acerca de igualdade - todos os seres humanos são iguais mas alguns são mais do que os outros! - podemos dizer que todas as heranças do passado, seja próximo ou longínquo, são iguais face ao processo de patrimonialização, mas algumas são mais que outras em razão de seu grau de affordance.
Abstract This article does not aim to address the modern criteria involved in the decision to declare a cultural object as official cultural patrimony, because those criteria are multiple and varied. This article proposes to highlight the criteria of eligibility, which is not documented clearly in our point of view, or is merely held to be implicit, in the existing academic discourse on cultural patrimony. This article proposes the concept of affordance of cultural heritage and defends the stance that, supposing that all cultural expressions can be potentially declared as cultural patrimony, the probability that a cultural expression be considered as such depends on its element of affordance. Paraphrasing the famous quote, however cynical, regarding equality - all men are created equal, but some are more equal than others! - we can state that all expressions of cultural heritage from the past, recent or distant, are equal in this process of cultural heritage, but some are more than others because of their degree of affordance.
Résumé Dans cet article, notre ambition est d'éclairer la notion d'éligibilité d'un objet patrimonial. Pour cela, nous proposons le concept d'affordance patrimoniale, l'éligibilité devenant d'autant plus probable que l'objet candidat à la patrimonialisation a cette qualité d'affordance. À partir de la distinction de deux types de savoirs et savoir-faire olfactifs observés dans divers milieux professionnels, nous tentons d'identifier une des conditions de la patrimonialisation de ce registre d'expertise dit "immatériel". Après avoir justifié notre typologie, nous montrons que le premier type de savoirs et savoir-faire olfactifs (type 1: cuisiniers, œnologues, parfumeurs, sommeliers) peut être facilement revendiqué comme un patrimoine parce que, de la part des professionnels, il offre une affordance narrative (il permet un récit de soi racontable et, de ce fait, recevable) alors que cela est impossible avec le second type d'expertise olfactive (type 2: employés de la morgue, fossoyeurs, infirmières, médecins légistes, sapeurs-pompiers, thanatopracteurs) qui n'offre pas une telle affordance.