Resumo Introdução. A compreensão de textos narrativos é analisada a partir de uma perspectiva de desenvolvimento dinâmica, complexa e microgenética. O interesse é destacar a variabilidade do funcionamento inferencial que emerge em situações de leitura repetida. Objetivos. Propôe-se identificar o tipo de inferências e os níveis de compreensão que as crianças atingem quando leem e discutem diferentes textos narrativos, para estabelecer a variabilidade das trajetórias individuais dos alunos, dependendo do livro lido e do tempo em que são produzidos, e identificar a relação entre o tipo de inferência evocada e o nível de compreensão alcançado. Metodologia. Foi utilizado um desenho de casos múltiplos com orientação microgenética. Participaram cinco alunos, três meninas e dois meninos, com idade entre oito e nove anos; quatro histórias foram lidas e responderam a perguntas literais, inferenciais e crítico-intertextuais. Foi utilizada uma entrevista semiestruturada para cada um dos quatro textos infantis propostos. Resultados. Foram obtidos 134 depoimentos em 65 turnos de fala. As análises de trajetória microgenética mostram que o tipo de inferência, os níveis de compreensão e a variabilidade das trajetórias individuais flutuam consideravelmente, dependendo do livro lido e da quantidade de tempo gasto lendo. As análises realizadas com grades de estados espaciais revelam uma adaptabilidade do funcionamento cognitivo dos participantes, uma vez que o tipo de inferências evocadas é modificado dependendo da história lida. Conclusões. As inferências e os níveis de compreensão leitora são processos complexos e recursivos com alta variabilidade, que dependem do texto lido e do tempo gasto na leitura. Nenhuma evidência de funcionamento inferencial estável e linear é encontrada. Se a compreensão do aluno for avaliada, tanto o uso de vários tipos de textos quanto as mudanças que ocorrem ao longo do tempo devem ser considerados.
Resumen Introducción. Se analiza la comprensión de textos narrativos, desde una perspectiva del desarrollo dinámica, compleja y microgenética. El interés es poner en evidencia la variabilidad del funcionamiento inferencial que emerge en situaciones de lectura reiterada. Objetivos. Se propuso identificar el tipo de inferencias y los niveles de comprensión que alcanza la niñez cuando lee y discute diferentes textos narrativos, establecer la variabilidad de las trayectorias individuales del estudiantado en función del libro leído y del tiempo en el cual son producidas, e identificar la relación entre el tipo de inferencia evocado y el nivel de comprensión alcanzado. Metodología. Se utilizó un diseño de caso múltiple con orientación microgenética. Participó un grupo de cinco estudiantes, tres niñas y dos niños con edades entre los ocho años y nueve años de edad; se leyeron cuatro historias y contestaron preguntas literales, inferenciales y crítico-intertextuales. Se utilizó una entrevista semiestructurada para cada uno de los cuatro textos infantiles propuestos. Resultados. Se obtuvieron 134 enunciados en 65 turnos de palabra; los análisis de trayectorias microgenéticas evidencian que el tipo de inferencia, los niveles de comprensión y la variabilidad de las trayectorias individuales fluctúan notoriamente en función del libro leído y del tiempo de lectura transcurrido. Los análisis realizados con rejillas de estado de espacio dan cuenta de una adaptabilidad del funcionamiento cognitivo de las personas participantes, pues el tipo de inferencias evocado se modifica en función de la historia leída. Conclusiones. Las inferencias y los niveles de comprensión lectora son procesos complejos y recursivos con una alta variabilidad, la cual depende del texto leído y del tiempo transcurrido de lectura; no se encuentra evidencia de un funcionamiento inferencial estable y lineal. Si ha de evaluarse la comprensión del estudiantado, se debe contemplar tanto el uso de diversos tipos de textos como los cambios que se producen en el tiempo.
Abstract Introduction. The article analyzes the comprehension of narrative texts from a dynamic, complex, and microgenetic developmental perspective. The interest is to highlight the variability of the inferential functioning that emerges in repeated reading situations. Objectives. The objective is to identify the type of inferences and the levels of understanding children reach when they read and discuss different narrative texts. The study aims to establish the variability of individual trajectories of the students depending on the book read and the time in which these trajectories are produced. The study also seeks to identify the relationship between the type of inference evoked and the level of understanding achieved. Methodology. A multiple-case design with microgenetic orientation was used. Five students, three girls and two boys aged between eight and nine years old, participated in the study. Four stories were read, and the participants answered literal, inferential, and critical-intertextual questions. A semi-structured interview was used for each of the four proposed children’s texts. Results. The study obtained 134 statements in 65 speaking turns. The microgenetic trajectory analyses showed that the type of inference, the levels of comprehension, and the variability of individual trajectories fluctuated considerably depending on the book read and the amount of time spent reading. The analyses conducted with space state grids revealed an adaptability of the cognitive functioning of the participants since the type of inferences evoked is modified depending on the story read. Conclusions. Inferences and levels of reading comprehension are complex and recursive processes with high variability, depending on the text read and the time spent reading. No evidence of stable and linear inferential functioning was found. To assess student comprehension, the use of various types of texts and the changes that occur over time must be considered.