Resumo O texto analisa caminhos possíveis para uma prática clínica no/de território, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). A trajetória de trabalho como psicóloga de uma de suas autoras, de 2007 a 2015, em diferentes unidades do SUS, serviu de campo para uma cartografia, entendida como método de pesquisa-intervenção. Nesse contexto, acompanhamos processos de constituição de diferentes modos de pensar e de fazer clínica, a partir de registros de cenas do cotidiano de trabalho. Estas, uma vez revisitadas, compuseram uma narrativa cartográfica de experiências. A pesquisa foi pautada por algumas noções: de clínica, como catalisadora de encontros produtores de passagens e desvios, operada no “entre fronteiras”; de saúde, como processo de produção, realizado por meio de agenciamentos; de território, como espaço de vida e processo. Com a pesquisa, afirmamos ser possível construir uma prática clínica de “corpos agenciadores” que se faz “no” território de vida das pessoas, e “de” território, ao incorporar seus elementos e acompanhar o movimento de (des)construção de paisagens subjetivas, num plano coletivo e movente. Ao engajar-se com o plano de constituição da vida, onde ela acontece, esta clínica se faz política, posiciona-se frente aos regimes de sociabilidade postos, fortalecendo o que há de público no SUS.
Abstract This paper examines possible paths for a clinical practice in/of territory, in the context of the Sistema Único de Saúde (SUS), the Brazilian unified health system. The work trajectory as a psychologist of one of its authors, from 2007 to 2015, in different units of SUS served as a field to a cartography, which is used as a method of research-intervention. In this context, we follow the constitution processes of different ways of thinking and doing clinical work, based on records of everyday work scenes. These, once revisited, composed a cartographic narrative of experiences. The research was guided by some notions: of clinical, as a catalyst for meetings that produces passages and deviations, operated in the “between borders”; of health, as a production process, carried out through assemblages; of territory, as a space of life and process. With this research, we claim that it is possible to build a clinical practice of “assembling bodies” that takes place “in” the people’s life territory, and “of” territory, when it incorporates its elements and when it accompanies the movement of (de) construction of subjective landscapes, on a collective and moving plane. By engaging with the plan of constitution of life, where it actually takes place, this clinical work becomes political, positions itself against the sociability regimes put in place, strengthening the public aspects of SUS.