Resumo O presente estudo investigou se a prática de exercícios possui um efeito protetor contra a toxicidade cardíaca decorrente do tratamento com doxorrubicina. Para tal, foi realizada uma revisão sistemática da literatura, de ensaios clínicos randomizados que verificam o exercício como meio de controle ou prevenção da cardiotoxicidade induzida pela utilização de DOX. Foram realizadas buscas nas bases de dados MEDLINE e LILACS. Foram utilizados os descritores: exercício, condicionamento físico, antraciclinas, doxorrubicina, adriamicina, agentes cardiotóxicos. Para seleção dos trabalhos que se incluíam nos critérios estabelecidos, foram avaliados os resumos de todos os artigos. Foram excluídos estudos que não abordaram o tema central da pesquisa, não se referiram ao exercício físico ou a DOX, abordaram exclusivamente outros tipos de toxicidade por antraciclinas (muscular, hepática e renal), ou verificaram outros efeitos do exercício sobre toxicidade da DOX (fadiga). O presente estudo observou, com relação às variáveis relacionadas à prescrição de exercício, que a frequência não apresentou relação direta com os resultados dos referidos estudos. A intensidade também não foi definitiva para a preservação da função cardíaca, porém o treinamento mais intenso esteve relacionado com melhoras no sistema antioxidante que não esteve presente em alguns estudos com intensidades mais baixas. Não houve diferença significativa nos efeitos dos exercícios quando realizados antes, durante ou depois do tratamento. Portanto, exercício aeróbio parece exercer um efeito protetor das funções cardíacas se realizado antes, durante ou depois do tratamento com DOX. Porém, os mecanismos associados a esse efeito ainda são desconhecidos.
Abstract The present study investigated whether the practice of exercise has a protective effect against cardiac toxicity induced by doxorubicin (DOX). A systematic review of randomized clinical trials evaluating the role of exercise in the control or prevention of DOX-induced cardiotoxicity was performed in MEDLINE and LILACS databases. Studies that did not address the main subject of this review, did not mention physical exercise or DOX, studies that evaluated other types of anthracycline-induced toxicities only (muscle, hepatic and renal toxicity) or other effects of exercise on DOX toxicity (fatigue) were excluded. With respect to the variables related to aerobic exercise prescription, there was no direct relationship between the frequency of exercise and the results of the studies. Also, intensity of exercise was not decisive for preservation of cardiac function, although a more intense exercise was associated with improvements in the antioxidant system, which was not observed in studies on lower intensity exercises. No significant differences in exercise effects were observed when it was performed before, during or after the treatment. Therefore, aerobic exercise may exert a protective effect of cardiac functions when performed before, during or after treatment with DOX. However, the mechanisms of this effect are still unknown.