Resumo Introdução A adesão ao tratamento possui relação crucial com a iniquidade social, sendo uma das principais barreiras. Objetivo Analisar os fatores relacionados à não adesão ao atendimento odontológico de crianças em situação de vulnerabilidade, segundo a percepção de uma equipe de saúde bucal. Método Estudo qualitativo, por meio de entrevistas com a equipe de saúde bucal, realizado em uma Unidade Básica de Saúde da região sul do município de Londrina, Paraná, de julho a setembro de 2016, por identificação e caracterização do atendimento odontológico a crianças de 6 a 9 anos, residentes no território de abrangência. Resultados Os resultados foram descritivos e analisados segundo a adesão ao tratamento, e as entrevistas foram interpretadas por meio da análise de conteúdo temática. Das 55 crianças identificadas, 30 eram faltosas, 19 eram assíduas e 6 nunca foram atendidas. Constatou-se que a concepção dos profissionais sobre a vulnerabilidade está relacionada às baixas condições socioeconômicas. Os principais fatores à não adesão foram: desvalorização da importância do cuidado, priorização de outras tarefas, questões culturais, sofrimento anterior, falta de profissionais, ausência de busca ativa e de classificação de risco e falta de integração entre os profissionais. Conclusão O usuário é culpabilizado pela sua situação, e o profissional desconsidera a situação de vulnerabilidade, desresponsabilizando-se pelo cuidado integral.
Abstract Background Treatment adherence has a crucial relationship with social inequality, which is one of its main barriers. Objective To analyze the factors related to non-adherence to dental care of socially vulnerable children according to the perception of an oral health team. Method Qualitative study conducted through interviews with an oral health team in a Basic Health Unit (BHU) of the southern region of Londrina, state of Parana, Brazil, from July to September 2016 that aimed to identify and characterize the dental care of children aged 6-9 years residing in the BHU coverage territory. Results The descriptive results were analyzed according to treatment adherence, and the interviews interpreted through thematic content analysis. Of the 55 children identified, 30 were often absent, 19 were assiduous, and six never attended treatment. It was verified that the professionals' understanding of vulnerability is related to low socioeconomic conditions. The main reasons for treatment non-adherence were devaluation of the importance of care, prioritization of other tasks, cultural issues, previous suffering, lack of professionals, absence of active search and risk classification, and lack of integration among professionals. Conclusion The users are blamed for their situation, and the professionals disregard social vulnerability and disclaim responsibility for total care.