Resumo Objetivo Avaliar a influência do estudo urodinâmico pré-operatório nos resultados miccionais pós-operatórios em mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador. Métodos Análise retrospectiva de mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador entre agosto de 2011 e outubro de 2018. As variáveis preditoras pré-operatórias, entre outras, foram a realização do estudo urodinâmico, gravidade da incontinência e sintomas urinários de armazenamento. As variáveis de desfecho pós-operatórias foram o status subjetivo da continência, sintomas de armazenamento urinário e complicações cirúrgicas. A regressão logística após o escore de propensão foi empregada para comparar os resultados entre os pacientes que foram submetidos ou não ao estudo urodinâmico pré-operatório. Resultados Foram incluídas no presente estudo 88 pacientes com um seguimento médio de 269 dias. A maioria das pacientes apresentava sintomas miccionais de armazenamento (n = 52; 59,1%) concomitantes à incontinência urinária de esforço. Um pouco menos da metade das pacientes (n = 38; 43,2%) foram submetidas a estudo urodinâmico pré-operatório. A regressão logística após o escore de propensão não revelou associação entre os resultados de continência urinária e a realização de estudo urodinâmico pré-operatório (odds ratio 0,57; intervalo de confiança [IC]: 0,11-2,49). Além disso, os sintomas de armazenamento urinário pós-operatórios foram similares entre as pacientes que não realizaram e aquelas que realizaram o estudo urodinâmico, 13,2% e 18,4% respectivamente (p = 0,753). Conclusão O estudo urodinâmico pré-operatório não teve impacto nos resultados de continência urinária, bem como nos sintomas de armazenamento urinário após o sling transobturatório.
Abstract Objective To evaluate whether performing preoperative urodynamic study influences postoperative urinary symptoms of women with stress urinary incontinence that underwent transobturator sling. Methods Retrospective analysis of patients treated for stress urinary incontinence by transobturator sling from August 2011 to October 2018. Predictor variables included preoperative urodynamic study, age, incontinence severity, body mass index, preoperative storage symptoms and previous anti-urinary incontinence procedure. Outcome variables were postoperative subjective continence status, storage symptoms and complications. Logistic regression after propensity score was employed to compare outcomes between patients who underwent or not pre-operative urodynamic study. Results The present study included 88 patients with an average follow-up of 269 days. Most patients (n = 52; 59.1%) described storage symptoms other than stress urinary incontinence, and 38 patients (43.2%) underwent preoperative urodynamic studies. Logistic regression after propensity score did not reveal an association between urinary continence outcomes and performance of preoperative urodynamic study (odds ratio 0.57; confidence interval [CI]: 0.11-2.49). Among women that did not undergo urodynamic study, there was a subjective improvement in urinary incontinence in 92% of the cases versus 87% in those that underwent urodynamic study (p = 0.461). Furthermore, postoperative storage symptoms were similar between women who did not undergo urodynamic study and those who underwent urodynamic study, 13.2% versus 18.4%, respectively (p = 0.753). Conclusion Preoperative urodynamic study had no impact on urinary incontinence cure outcomes as well as on urinary storage symptoms after the transobturator sling in women with stress urinary incontinence.