Resumo: Introdução: A pandemia provocada pela Covid-19 pode ser considerada um evento estressante grave e desencadear repercussões negativas na saúde mental dos estudantes de Medicina, como sofrimento psíquico e desenvolvimento ou agravamento de transtornos mentais, trazendo prejuízos à vida acadêmica, social e profissional desses alunos. Em consequência da interrupção das aulas e do distanciamento social preconizado pelos órgãos de saúde durante a pandemia, o Setor de Atendimento em Saúde Mental destinado aos alunos de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) necessitou cancelar os atendimentos presenciais do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho no início de março de 2020 e pensar em outras formas de cuidado em saúde mental para esses alunos. Relato de experiência: Trata-se de um relato de experiência acerca da implementação do teleatendimento em saúde mental destinado aos estudantes de Medicina da UFRJ durante a pandemia, para a continuidade do cuidado em saúde mental de forma remota, iniciado no final de março de 2020. O atendimento está sendo ofertado por uma equipe de cinco psiquiatras, uma psicóloga e uma assistente social, todos funcionários da universidade. Discussão: O teleatendimento tem servido como um espaço importante de escuta e acolhimento diante das demandas psicossociais desses alunos e tem como desafio ultrapassar algumas barreiras que dificultam o acesso e a disponibilidade de serviços de saúde mental no campus universitário, incluindo a preservação da relação médico-paciente, a garantia da confidencialidade e qualidade, e a oferta de um espaço de cuidado em saúde mental quando a presença física não é possível. Conclusão: Apesar das dificuldades inerentes ao rápido processo de implementação desse serviço, percebe-se o potencial da tecnologia em auxiliar a população nesse momento crítico, em especial na atenção à saúde mental de grupos específicos como os estudantes de Medicina. O teleatendimento representa um potencial de aprendizado e mudança nas formas de como o acesso ao cuidado é ofertado, com a perspectiva de trazer benefícios à saúde mental dos estudantes, mesmo após o período atual da pandemia, com a meta de expansão desses atendimentos para outros cursos da UFRJ.
Abstract: Introduction: The COVID-19 pandemic can be considered a severely stressful event and trigger negative repercussions on the mental health of medical students, such as psychological distress and the development or worsening of mental disorders, harming the academic, social and professional life of these students. As a result of the interruption of classes and the social distancing measures advocated by health agencies during the pandemic, the mental health care sector for medical students at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) needed to cancel the face-to-face care at the Clementino Fraga Filho University Hospital in early March 2020 and think of other forms of mental health care for these students. Experience report: This is an experience report about the implementation of telemental health care for medical students at UFRJ during the pandemic, for the continuity of mental health care program using remote assistance, started in late March 2020. The service is being offered by a team of five psychiatrists, a psychologist and a social worker, all university employees. Discussion: The teleservice has served as an important space for listening and embracement in face of these students’ psychosocial demands, whose challenge consists in overcoming some barriers that hinder the availability of and access to mental health services on the university campus, including the preservation of the doctor-patient relationship, the guarantee of confidentiality and quality, and the offer of a space for mental health care when the physical presence is not possible. Conclusion: Despite the difficulties inherent in the rapid process of implementing this service, the potential of technology to help the population at this critical moment is perceived, especially regarding the attention to the mental health of specific groups, such as medical students. The telehealth represents a potential for learning and change in the ways how the access to care is offered, with the perspective of bringing benefits to the students’ mental health, even after the current period of the pandemic, with the goal of expanding these services to other courses of the UFRJ.