Objetivamos compreender os fatores sócio-comportamentais e do Sistema Único de Saúde (SUS) que, na visão de mulheres identificadas como HIV+ por teste rápido no parto, dificultaram ou impediram a adesão ao pré-natal. Foram incluídas 40 mulheres, das quais apenas oito tinham tido seis consultas ou mais. Foi utilizada a abordagem qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas. Os dados foram analisados seguindo os preceitos da análise temática. Os resultados foram agrupados em dois blocos: os que dificultaram a adesão ao pré-natal: não aceitação da gestação, falta de apoio familiar, conhecimento prévio da soropositividade, contexto social adverso, experiências negativas de atendimento e práticas e concepções de descrédito em relação ao pré-natal, e os que favoreceram a adesão: apoio familiar, discurso de valorização do cuidado com a saúde, desejo de laqueadura tubária, acolhimento pela equipe de saúde e experiências positivas de assistência. Uma compreensão melhor do contexto sociocultural deveria permitir a construção de estratégias capazes de resgatar essas mulheres para um sistema de saúde mais acolhedor.
This study aimed to elucidate the social and behavioral factors and public health system characteristics that influenced pregnant women's adherence to prenatal care. Forty women diagnosed as HIV-positive by rapid test at delivery were included. Socioeconomic data were collected and a semi-structured interview was conducted. Eight women had > 6 prenatal visits and 12 had no visits. Interviews were submitted to qualitative content analysis. The themes fit into two blocks: those seen as hindering adherence, like unwanted pregnancy, lack of family support, prior knowledge of serological status, adverse social context, negative experiences with prenatal care, and disbelief towards prenatal care, and those facilitating adherence, like family support, valuing healthcare, wanting a tubal ligation, receptiveness by the healthcare team, and positive previous experience with prenatal care. Improving our understanding of the socio-cultural context should help promote strategies to reach such women and include them in better quality care.