Resumo Tomando como ponto de partida o projeto comparativo entre o Caribe e o Brasil, originalmente idealizado por Louis Herns Marcelin (1996), o artigo se articula em torno de dois eixos de reflexão. Primeiramente, busco estabelecer um diálogo entre a obra deste autor e algumas questões centrais nas etnografias sobre o Haiti e o Caribe, como a conjugalidade e a matrifocalidade. Procuro mostrar como o trabalho de Marcelin sobre parentesco e domesticidade entre as famílias das chamadas “classes populares” do Recôncavo Baiano é inovador não só porque coloca a casa no centro de suas análises, mas também por elaborar a noção de “configurações de casas”, atentando para sua dimensão relacional, assim como para a daqueles que as habitam. Num segundo momento, chamo a atenção para uma série de caminhos que as discussões presentes na tese do autor permitem explorar para além da casa: temas relativos ao sangue, à violência e à mobilidade das pessoas. Finalmente, o texto registra meu interesse atual e particular a respeito das relações entre casas (em sua acepção mais abrangente que compreende os lugares onde se vive ou de onde se é originário) e pessoas, assim como quanto ao potencial do sangue como veículo portador e transmissor de parentesco e de atributos morais.
Abstract Taking as a starting point the comparative project between the Caribbean and Brazil, as originally envisaged by Louis Herns Marcelin (1996), the article is articulated around two axes of reflection. First, I seek to establish a dialogue between this author's work and some central issues in ethnographies about Haiti and the Caribbean, such as conjugality and matrifocality. I show how Marcelin's work on kinship and domesticity among the families of the so-called “popular classes” of the Recôncavo Baiano is innovative: not only because it places the house at the center of his analyses, but also because it elaborates the notion of “house configurations”, paying attention to their relational dimension, as well as to those who inhabit them. I then draw attention to a series of paths that the the author's thesis allow us to explore beyond the home: themes related to blood, violence, and people's mobility. Finally, the text registers my current and specific interest in the relationships between houses (in their broadest sense, which includes the places where one lives or from where one originates) and people, as well as the role of blood as a carrier and transmitter of kinship and moral attributes.
Resumen Tomando como punto de partida el proyecto comparativo entre el Caribe y Brasil, originalmente concebido por Louis Herns Marcelin (1996), el artículo se construye en torno a dos ejes de reflexión. En primer lugar, busco establecer un diálogo entre la obra de este autor y algunos temas centrales de las etnografías sobre Haití y el Caribe, como la conyugalidad y la matrifocalidad. Intento mostrar cómo el trabajo de Marcelin sobre el parentesco y la domesticidad entre las familias de las llamadas “clases populares” del Recôncavo Baiano es innovador: no solo porque sitúa la casa en el centro de sus análisis, sino también porque elabora la noción de “configuraciones de casas” prestando atención a su dimensión relacional, así como a quienes las habitan. En un segundo momento, llamo la atención sobre una serie de caminos que las discusiones presentes en la tesis del autor nos permiten explorar más allá del hogar: temas relacionados con la sangre, la violencia y la movilidad de las personas. Finalmente, el texto registra mi interés actual y particular por las relaciones entre los hogares (en su sentido más amplio, que incluye los lugares donde se vive o se origina) y las personas, así como el potencial de la sangre como portadora y transmisora de parentesco y atributos morales.