Resumo A tendência para resolver a questão da formação ética profissional tem sido a introdução de pelo menos uma disciplina na matriz curricular das universidades. No entanto, a análise dos incidentes críticos relatados pelos estudantes sobre a forma em que o código ético é transgredido na realidade faz com que seja questionável se isso é necessário, porém insuficiente. No presente artigo expõe-se a análise de incidentes críticos (IC) de ética profissional relatados por 57 estudantes do curso de Psicologia, pertencentes a uma universidade pública, que estudavam a disciplina de Ética Profissional no sexto semestre. Nesses incidentes, os princípios éticos da profissão psicológica mais frequentemente transgredidos liga-se com a competência e honestidade no exercício dos profissionais, bem como com a qualidade do ensino, pesquisa ou supervisão em cenários reais por parte dos professores universitários. Mais da metade dos incidentes críticos relatados acontecem em cenários clínicos ou do setor saúde, seguidos dos cenários educacionais em instituições públicas, na própria universidade e em contextos comunitários. O papel assumido pelos estudantes, segundo relatos deles, é de testemunha, receptor, transgressor ou ouvinte, nessa ordem. Os resultados são discutidos nos termos da matriz curricular formal, oculta ou nula, do ethos profissional e da própria instituição educativa, bem como da necessidade de recolocar a formação ética dos psicólogos na universidade.
Abstract The subject matter of professional ethics has tended to be solved by introducing at least one course in the curriculum of universities. However, the analysis of critical incidents referred by students about actual transgressions of the ethics code, leads us to question that this is necessary but not enough. This article describes the analysis of critical incidents (IC) related to professional ethics narrated by 57 students of a Psychology Bachelor’s degree at a public university. They had taken the professional ethics course in the sixth semester. The incidents show that the ethical principles most violated in psychology are related to competition and honesty in the practice of the professionals, as well as with the quality of teaching, research or supervision in real scenarios by the university professors. More than half of the critical incidents referred, occurred in clinical scenarios or in the health sector, followed by educational scenarios in public institutions, the university itself and community contexts. The role taken on by the students in their own narrative is the one of a witness, recipient, transgressor or listener, in this order. The results are discussed in terms of the formal, hidden or non-existent curriculum, of the professional ethos and the educational institution itself, as well as the need to reconsider the ethical education of psychologists at university.
Resumen El asunto de la formación ética profesional ha tendido a resolverse mediante la introducción de al menos una asignatura en el plan de estudios de las universidades. Sin embargo, el análisis de los incidentes críticos que relatan los estudiantes respecto a cómo se transgrede en la realidad el código ético, conduce a cuestionar que esto es necesario pero no es suficiente. En este artículo se expone el análisis de incidentes críticos (IC) de ética profesional narrados por 57 estudiantes de licenciatura en Psicología pertenecientes a una universidad pública, quienes cursaban en sexto semestre la asignatura de Ética Profesional. En dichos incidentes aparece que los principios éticos de la profesión psicológica que se transgreden con más frecuencia se vinculan con la competencia y honestidad en el ejercicio de los profesionales, así como con la calidad de la enseñanza, investigación o supervisión en escenarios reales por parte de los profesores universitarios. Más de la mitad de los incidentes críticos narrados ocurren en escenarios clínicos o del sector salud, seguidos de los escenarios educacionales en instituciones públicas, en la propia universidad y en contextos comunitarios. El papel asumido por los estudiantes en su propio relato es de testigo, receptor, transgresor o escucha, en ese orden. Los resultados se discuten en términos del currículo formal, oculto y nulo, del ethos profesional y de la propia institución educativa, así como de la necesidad de replantear la formación ética de los psicólogos en la universidad.