Resumo: Introdução: A educação interprofissional (EIP) pode ser um caminho para aprimorar o cuidado em saúde ao promover oportunidades para que estudantes desenvolvam competências para trabalho em equipe, prática colaborativa e integralidade do cuidado; contudo, os efeitos da implementação da EIP no Brasil precisam ser explorados. Objetivo: Este estudo teve como objetivo mapear a produção científica brasileira sobre a aprendizagem de alunos de cursos da saúde no contexto da EIP, os desafios e os avanços para formadores e gestão. Método: Trata-se de uma scoping review para responder à seguinte questão: “Como tem ocorrido a aprendizagem de estudantes brasileiros em processos formativos que utilizam a abordagem da EIP na visão do estudante, formador e gestor?”. A busca ocorreu nas bases Web of Science, Periódicos Capes, Scopus e Biblioteca Virtual em Saúde, com o descritor/palavra-chave “educação interprofissional”. Buscaram-se trabalhos de 2010 a 2020, publicados em português, inglês ou espanhol, em que o Brasil foi o país de publicação ou de origem do estudo. Identificaram-se 145 estudos, dos quais 53 eram duplicados. Analisaram-se 92, e 28 compuseram a amostra final. Os achados foram organizados em “EIP na perspectiva do estudante”; “Formadores na ótica da EIP”; “Avanços e desafios na gestão de ensino e saúde”; “Recomendações para EIP no contexto brasileiro”. Resultado: O público-alvo envolveu estudantes, residentes, formadores e equipe de saúde, totalizando 2.886 participantes. A aprendizagem na lógica da EIP permite ao estudante reconhecer a integralidade da assistência ao paciente e o SUS como norteador das ações de saúde. Os formadores são relevantes no desenvolvimento do trabalho colaborativo, mas têm pouca capacitação pedagógica, pouca motivação e pouco apoio institucional. A gestão compreende a EIP como ferramenta complementar no apoio a outras reformas brasileiras, contudo esforços são necessários para a integração ensino-serviço-comunidade e a promoção do currículo integrado. Conclusão: Quando se realizou o mapeamento sobre EIP, identificou-se que os estudos estão alinhados com o SUS para a transformação da formação e a qualificação do cuidado, demonstrando a potencialidade da EIP para os currículos da saúde. A aprendizagem de alunos, mediada pela interprofissionalidade, tem facilitado o desenvolvimento das competências requeridas, de modo a atender às DCN e às necessidades do SUS, apesar dos diversos desafios enfrentados pelos estudantes, formadores e gestores.
Abstract: Introduction: Interprofessional education (IPE) can be used to improve health care by promoting opportunities for students to develop competencies for teamwork, collaborative practice and comprehensive care. However, the effects of IPE implementation in the Brazilian context need to be explored. Objective: To map the Brazilian scientific production on the learning of students attending health courses in the context of IPE, challenges and advances for educators and management. Method: A scoping review was carried out to answer the following question: How does student learning occur in formative processes that use the IPE approach from the viewpoint of students, educators and managers? The search took place in the Web of Science databases, Capes, Scopus and Virtual Health Library, using the descriptor/keyword “interprofessional education.” Publications were searched from 2010 to 2020, published in Portuguese, English or Spanish, of which Brazil was the country of publication or origin of the study. We identified 145 studies; 53 were duplicated, 92 were analyzed, and 28 comprised the final sample. The findings were organized into “IPE from the student’s perspective,”; “ IPE from the educators’ perspective,”; “Advances and challenges in teaching and health management,”; “Recommendations for IPE in the Brazilian context.” Results: The target audience involved students, residents, facilitators and health staff, totaling 2,886 participants. Learning according to the IPE allows the student to recognize the integrality of patient care and the SUS as the guide of health actions. The facilitator is relevant in developing collaborative work but has little pedagogical training, motivation, and institutional support. Management understands IPE as a complementary tool, supporting other Brazilian politician reforms, but efforts are needed to promote teaching-service-community integration and endorse the integrated curriculum. Conclusion: By mapping IPE, it was identified that the studies are aligned with the SUS to transform the training and qualification of care, demonstrating the potential of IPE for health curricula. Student learning, mediated by interprofessionality, has facilitated the development of the competencies required to meet the DCNs and the needs of the SUS, despite the various challenges faced by the students, educators and management.