Objetivou-se descrever a utilização de serviços, comparando usuários de drogas injetáveis (UDIs) e não-UDIs. Informações coletadas nos prontuários de pacientes em atendimento para HIV/AIDS, de 1986 a 2002, estabeleceram uma coorte não concorrente. As variáveis incluíam: dados sócio-demográficos, exposição ao HIV/AIDS e utilização de serviço (consultas, prescrições e solicitações de exames). Análises descritivas e verificação dos efeitos calendário e de coorte foram realizadas. Dos 170 pacientes, com trinta anos na mediana idade, 39,4% eram UDIs, 71,8% homens e com baixa escolaridade; 86,5% não receberam, na primeira consulta, prescrição ARV, solicitação de CD4 ou carga viral. Usuários de drogas injetáveis tiveram menor chance de receber prescrição de ARV, solicitação de CD4/carga viral, seja na primeira consulta, seja nas demais, apesar de o número de consultas não diferir em virtude de ser ou não UDIs. Observou-se incremento na utilização dos serviços para pacientes não-UDIs ao longo do tempo, coincidindo com a implementação de políticas públicas visando à ampliação do acesso; porém, tal impacto não foi observado entre UDIs. Evolução diferencial da infecção pelo HIV, com piores prognósticos entre os UDIs, sugere deficiências na adesão e manutenção do tratamento ARV.
This study compared healthcare utilization by injection drug users (IDUs) and non-IDUs. Data were abstracted from patients' medical records, admitted on HIV/AIDS treatment centers, between 1986 and 2002, forming a non-concurrent cohort study. Variables included: sociodemographics, HIV/AIDS exposure group, healthcare utilization (consultations, procedures, and prescriptions). Descriptive analyses included age-period and cohort effects. Out of 170 patients, with an average age of 30 years, 39.4% were IDUs, 71.8% were males and had low levels of education. At the first consultation, 86.5% neither received an ARV prescription nor had a request for CD4 or viral load. Injection drug users, as compared to non-IDUs, were less likely to receive ARV prescriptions and requests for CD4 lymphocyte and viral load counts, even though the number of consultations did not differ between the two groups. Healthcare utilization increased in calendar-year in the non-IDUs group, parallel to the implementation of the Brazilian health policy of universal care. However, this favorable trend was not observed among IDUs. Differential outcomes for HIV/AIDS among IDUs, towards worse prognosis, suggest difficulties in terms of adherence and follow-up of ARV therapy in this population.