OBJETIVOS: estabelecer a incidência de cólica no lactente e seus determinantes. MÉTODOS: entre maio e julho de 1999, a equipe de pesquisa visitou, diariamente, as três principais maternidades da cidade de Pelotas, RS, e todas as mulheres, após o parto, foram entrevistadas, e seus filhos acompanhados aos três meses. Definiu-se a criança com cólica conforme proposto por Wessel. Os possíveis fatores de risco avaliados foram: classe social, escolaridade materna, idade dos pais, tipo e tempo de relacionamento do casal, alterações no relacionamento na gestação, tipo de parto, história reprodutiva, qualidade do pré-natal, experiência anterior de aborto, natimorto ou recém-nascido prévio doente, sexo e tipo de alimentação do lactente. Realizou-se o teste do qui-quadrado para comparações entre proporções e análise multivariada através de regressão logística não condicional. RESULTADOS: conseguiu-se acompanhar 1.086 crianças das 1.195 identificadas. Na visita aos três meses, a incidência de cólica referida pela mãe foi de 80,1%. Entretanto, apenas 16,3% tinham apresentado cólica de acordo com os critérios de Wessel. Após a análise multivariada, as associações que permaneceram no modelo com desfecho de cólica foram: escolaridade materna, cesariana, idade paterna e amamentação. Mesmo após ajuste para fatores de confusão, as crianças desmamadas tiveram uma chance 1,86 vez maior de ter cólica do que aquelas ainda amamentadas (IC 95% 1,25-2,77). CONCLUSÃO: a maioria das mães não reconheceu corretamente a ocorrência de cólica de acordo com os critérios adotados. O aleitamento materno foi o principal fator de proteção contra o desenvolvimento de cólica.
OBJECTIVE: to assess the incidence of infantile colic and its determinants. METHOTDS: between May and July 1999, the research team performed daily visits to the three main maternities of Pelotas. All women were interviewed after the delivery and their infants were targeted for follow-up at three months. Colic was defined according to Wessel. The following risk factors were evaluated: social class, mother's educational level, parents' age, parents' divorce, changes in the parents' relationship during pregnancy, type of delivery, reproductive history, quality of prenatal care, previous abortion, previous stillbirths, previous newborn with health problems, gender, and infant's feeding pattern. Chi-square test was used to compare proportions and conditional logistic regression was applied in the multivariate model. RESULTS: we managed to follow 1,086 of the 1,195 infants. At the three months visit, 80.1% of the mothers reported that their infants had had colic. On the other hand, only 16.3% was considered as having colic according to Wessel criteria. Mother's educational level, father's age, type of delivery and breast-feeding duration remained in the multivariate model. Even after controlling for possible-confounding factors, the chances of having colic was 1.86 times higher among non-breastfed infants than among breastfed infants. CONCLUSION: most mothers misclassify the occurrence of colic. Breastfeeding is the main protective factor.