OBJETIVOS: descrever aspectos clínicos e liquóricos de pacientes com diagnóstico presuntivo de neuroesquistossomose (NE) e sugerir uma classificação para o diagnóstico liquórico presuntivo da NE. MÉTODO: as fichas de todos os pacientes cujo exame de líquor (LCR) foi realizado no Laboratório de Líquor, Fundação José Silveira, Salvador, Brazil, entre 1988 e 2002, foram revistas. Aqueles com suspeita clínica de NE e teste de imunofluorescência indireta (IFI) e ou inibição da hemaglutinação (IHA) positivos para S. mansoni foram identificados. RESULTADOS: dos 377 pacientes, 67,9% eram do sexo masculino, a mediana da idade foi 36 anos (média 37 + 16 anos, variação 3-82 anos). As queixas mais freqüentes foram paraparesia (59,9%), retenção urinária (36,2%), dor em membros inferiores (22,8%). A celularidade do LCR (células/mm³) foi > 4 em 66,0% (média 83 + 124, mediana 40, variação 4,3 - 1.100), a proteína (mg/dl) foi > 40 em 84,6% (média 185 + 519, mediana 81, variação 41-6.800) e eosinófilos estavam presentes em 46,9%. IFI e IHA foram positivas em 75,3%. Celularidade > 4 e presença de eosinófilos estiveram associadas com IFI e IHA positivas (67,3% versus 51,4%, p 0,014; 49,1% versus 23,0%, p 0,0001, respectivamente) e proteína > 40 não foi (85,4% versus 77,0%, p 0,09). Celularidade > 4, proteína > 40 e eosinófilos estiveram associados com IFI e IHA positivos (71,6% versus 38,2%, p 0,0003) mas a presença de eosinófilos e qualquer outra combinação de celularidade e proteína não estiveram. CONCLUSÃO: NE deve ser considerada uma possibilidade diagnóstica em pacientes que tiveram epidemiologia positiva para S. mansoni e desenvolveram uma mielopatia. A presença de IFI e IHA positivos para S. mansoni, celularidade > 4, proteína > 40 e presença de eosinófilos no líquor pode ser considerado critério de alta probabilidade para o diagnóstico presuntivo da NE.
OBJECTIVES: To describe the clinical and CSF findings among patients with presumptive neuroschistosomiasis (NS) and to suggest a classification for the CSF diagnosis of presumptive NS. METHOD: The charts of all patients whose CSF exam was performed at the CSF Lab, José Silveira Foundation, Salvador, Brazil, from 1988 to 2002 were reviewed. Those with clinically suspected NS whose indirect fluorescent antibody test (IFA) and or hemagglutination-inhibiting antibodies test (HAI) were positive to S. mansoni were identified. RESULTS: Of 377 patients, 67.9% were males; the median age was 36 years (mean 37 + 16 yrs, range 3-82 yrs). The most frequent complaints were paraparesis (59.9%), urinary retention (36.2%), lower limb pain (22.8%). WBC of CSF (count/mm³) was > 4 in 66.0% (mean 83 + 124, median 40, range 4.3-1,100), protein (mg/dl) was > 40 in 84.6% (mean 185 + 519, median 81, range 41-6,800) and eosinophils were present in 46.9%. IFA and HAI were positive in 75.3%. WBC > 4 and presence of eosinophils were associated with IFA and HAI positive (67.3% versus 51.4%, p 0.014; 49.1% versus 23.0%, p 0.0001, respectively) and protein > 40 was not (85.4% versus 77.0%, p 0.09). Presence of WBC > 4, protein > 40 and eosinophils was associated with IFA and HAI positive (71.6% versus 38.2%, p 0.0003) but presence of eosinophils and any other combination of WBC and protein were not. CONCLUSION: NS should be considered as a possible diagnosis in patients who had had contact with schistosome-infected water and present with spinal cord compromising. Presence of IFA and HAI positive to S. mansoni, WBC > 4, protein > 40 and presence of eosinophils in the CSF may be considered as a criterium of highly probable presumptive diagnosis.