RESUMO Objetivos Avaliar a depressão e a qualidade de vida em indivíduos com doença de Stargardt (DS), distrofia macular cuja perda de visão central se inicia nas primeiras décadas de vida. Métodos Este estudo observacional e transversal incluiu 41 pacientes com DS e 46 controles saudáveis, com idades entre 18 e 63 anos, em Minas Gerais, Brasil. Episódio de depressão maior foi avaliado pelo Mini Internacional Neuropsychiatric Interview (MINI)-PLUS, a sintomatologia depressiva, pelo Inventário de Depressão de Beck (BDI) e pela Escala de Depressão de Hamilton (HAM-D) e a qualidade de vida, pelo Questionário de Função Visual do Instituto de Olhos Nacional versão de 25 itens (NEI VFQ-25). A comparação entre as variáveis sociodemográficas, a qualidade de vida e a depressão foi realizada por meio do teste exato de Fisher e o teste de Mann-Whitney-Wilcoxon. Resultados A prevalência de depressão foi de 12,2% na amostra com indivíduos com DS, enquanto no grupo controle foi de 8,7% (p = 0,614). Não foram observadas diferenças significativas entre os pacientes e o grupo controle quanto à prevalência de depressão e às variáveis sociodemográficas. Os pacientes com DS apresentaram menor pontuação geral de qualidade de vida (59,7 vs. 88,7, p < 0,001), cujas variáveis com correlação inversa e estatisticamente significante (p < 0,05) foram as de sintomatologia depressiva, avaliadas pelo BDI ( Rho = -0,49, p < 0,001) e pelo HAM-D ( Rho = -0,45, p = 0,003). Conclusão Os sintomas depressivos foram os principais fatores que afetaram a qualidade de vida, independentemente dos dados sociodemográficos. Indivíduos com DS podem desenvolver estratégias de enfrentamento e procurar assistência mental para evitar o aumento da depressão e a diminuição da qualidade de vida.
ABSTRACT Objectives To assess depression and quality of life in individuals with Stargardt’s disease (SD), macular dystrophy whose central vision loss begins in the first decades of life. Methods This observational, cross-sectional study included 41 SD patients and 46 healthy controls, aged 18 to 63 years old, in Minas Gerais, Brazil. Major depression episode was assessed by the Mini International Neuropsychiatric Interview, depressive symptomatology by the Beck Depression Inventory (BDI) and Hamilton Depression Scale (HAM-D) and quality of life by the National Eye Institute Visual Function Questionnaire. The comparison between sociodemographic variables, quality of life and depression was performed using Fisher’s exact test and Mann-Whitney-Wilcoxon test. Results The prevalence of depression was 12.2% in the sample with SD while in the control group was 8.7% (p = 0.614). No significant differences were observed between patients and the control group regarding the prevalence of depression and sociodemographic variables. Patients with SD had overall lower quality of life scores (59.7 vs. 88.7, p < 0.001), and presented inverse correlation between depressive symptoms, as assessed by BDI (Rho = -0.49, p < 0.001) and by HAM-D (Rho = -0.45, p = 0.003) with quality of life scores. Conclusion Depressive symptoms were the major factors affecting quality of life, regardless of sociodemographic data. Individuals with SD may develop copying strategies, seek mental care to prevent the increase of depression and decrease of quality of life.