Objetiva-se conhecer a magnitude e a estrutura de causalidade da mortalidade infantil considerando-a um "evento sentinela" da qualidade da assistência à saúde em dois municípios do Nordeste, Brasil. Trata-se de estudo de base populacional, do tipo "experimentação invocada", que compara a mortalidade infantil observada com aquela esperada, dado um programa de atenção à saúde materno-infantil operando a contento, permitindo calcular um "índice de mortes evitáveis" (PDI). Realizaram-se uma busca ativa e uma investigação epidemiológica dos óbitos, visando a eliminar o sub-registro desses eventos. As taxas de mortalidade infantil, embora relativamente baixas 39 e 44 por 1.000 nascidos vivos, respectivamente correspondem a um PDI de 40%, o que significa uma estrutura de causalidade compatível com taxas de mortalidade de 100 por 1.000 nascidos vivos. Esses achados sugerem uma distribuição desigual dos óbitos, confirmada por uma análise comparativa entre a população de baixa renda e outras categorias de renda (com razões de risco de 8 e 17,6 para a mortalidade infantil total e para a mortalidade infantil por doenças infecciosas, respectivamente). O PDI mostrou-se válido enquanto um índice de evitabilidade dos óbitos infantis, com a vantagem de poder ser utilizado de forma simples e fácil por gerentes de sistemas de saúde preocupados com a qualidade dos programas voltados para mães e filhos.
This paper seeks to discover the magnitude and causality structure of infant mortality considered a "sentinel event" for quality-of-care indexes in health in two municipalities of Northeastern Brazil. This is a population based study of the "invoked experimentation" type comparing observed infant mortality with that expected, given a properly functioning maternal and infant care program, allowing for the calculation of a "preventable index" (PDI) for these two municipalities. The preliminary step consisted of an active search and epidemiological investigation of deaths in order to eliminate their underreporting as events. Infant mortality rates in the two areas were relatively low 39 and 44 per thousand live births, respectively , but PDI in both was classified of the order of 40%, thus indicating a causality structure compatible with mortality rates of 100 per thousand. These findings suggest an uneven distribution of deaths, proved by an analytical comparison of the low income population with that of other income brackets (with risk ratios of 8 and 17.6 for total infant mortality and infant mortality from infectious diseases, respectively). PDI proved to be a useful index of preventability of infant deaths, and has the advantage of being simple and easy for health system managers concerned with the quality of health programs devoted to mothers and children to use.