Este artigo percorre o século xx do ponto de vista da prática. Ele mostra que três regimes de regulação das práticas, quais sejam, o taylorismo, o leninismo e a psicanálise, lançaram seus programas em 1900, cada um em seu domínio, porém partilhando a mesma relação organizada entre a pretensão científica e a ação (dos operários para o primeiro, das massas para o segundo e do paciente em sessão para o terceiro, todos sob a direção de profissionais). Cada um desses regimes teve, durante décadas, seu lugar de inscrição e de peregrinação, bem como os portadores que os encarnavam. Eles formalizaram os quadros de valorização que são a eficácia, a luta política e o equilíbrio psicoafetivo. O artigo trata de modo aprofundado da prática taylorista de concepção das normas da prática dos outros ao identificar as diversas variáveis desta (o objeto, a referência, a temporalidade, o espaço, a serialização, a materialidade, os funcionários etc.). Conclui esboçando um cenário da história do século xx como circulação de práticas de um quadro de valorização a outro (a existência, a nominação, o cálculo, a eficácia, a política, o afetivo, a ética, a estética) e, desse modo, de uma região do mundo a outra a fim de seguir suas inscrições primordiais.
This article examines the notion of practice over the course of the twentieth century. It shows that three systems of regulating practices - namely Taylorism, Leninism and psychoanalysis - launched their programs in 1900, each within its own specific domain but sharing the same organized relationship between scientific claims and action (of the workers in the first case, the masses in the second and the patient under analysis in the third, all under the direction of professionals). For decades, each of these systems had its place of inscription and migration, along with the people who embodied them. They formalized the valuation frameworks comprised by efficiency, political struggle and psycho-affective equilibrium. The article provides an in-depth analysis of the Taylorist conception of the norms of other people's practice by identifying the diverse variables of the latter (object, reference, temporality, space, serialization, materiality, employees, etc.). It concludes by providing a sketch of twentieth century history as a circulation of practices from a framework of valorizing the other (existence, a nomination, calculation, efficiency, politics, affect, ethics, aesthetics) and, consequently, from one region of the world to another in pursuit of its primordial inscriptions.