Resumo Introdução: A legislação brasileira atual exige que todos os trabalhadores expostos a ruído recebam um audiograma na admissão, 6 meses após a admissão (primeiro teste periódico), e anualmente após o primeiro teste periódico, mas em outros países as regulamentações dos programas de conservação auditiva não incluem a exigência de teste audiométrico após 6 meses de admissão, mas apenas anualmente. Não há evidências de que a periodicidade adotada pela legislação brasileira seja a mais adequada. Objetivo: Avaliar os três primeiros exames audiométricos ocupacionais de trabalhadores expostos ao ruído. Método: Estudo de coorte histórica com análise transversal. Os participantes eram todos trabalhadores metalúrgicos do sexo masculino com até 40 anos. Os três primeiros audiogramas de cada trabalhador foram analisados: teste audiométrico pré-admissão, teste audiométrico periódico 1 e teste audiométrico periódico 2. Para cada trabalhador, os limiares de frequência médios foram calculados em 3, 4 e 6 kHz nas orelhas esquerda e direita para cada teste. A análise estatística foi feita através do teste não paramétrico de Wilcoxon. Resultados: Foram incluídos 988 trabalhadores. Houve uma diferença significante nos limiares auditivos entre o teste pré-admissão e os 2 testes periódicos subsequentes para as orelhas direita e esquerda. Não houve diferença significante entre o teste 1 e o teste 2 em nenhuma das orelhas. Conclusão: Dada a falta de diferença entre os 2 primeiros testes periódicos, acreditamos que eles poderiam ser combinados em um único teste, ou seja, o primeiro teste audiométrico periódico poderia ser feito após 12 meses de admissão sem comprometer a saúde dos trabalhadores.
Abstract Introduction: Current Brazilian legislation requires that all workers exposed to noise are to be given an audiogram upon hiring, after 6 months of employment (first periodic test), and annually after the first periodic test. In other countries, the regulations of hearing conservation programs do not include the requirement for audiometric testing at 6 months of employment, but only annually. There is no evidence that the periodicity adopted by Brazilian legislation is the most appropriate. Objective: The present study aimed to evaluate the first 3 occupational audiometric tests of workers exposed to noise. Methods: Historical cohort study with cross-sectional analysis. Participants were all male metallurgy workers aged up to 40 years. The first 3 audiograms of each worker were analyzed: pre-employment audiometric test, periodic audiometric test 1, and periodic audiometric test 2. For each worker, mean frequency thresholds were calculated at 3, 4, and 6 kHz in the left and right ears for each test. Statistical analysis was performed using the nonparametric Wilcoxon test. Results: A total of 988 workers were included. There was a significant difference in auditory thresholds between the pre-employment test and the 2 subsequent periodic tests for the right and left ears. There was no significant difference between Test1 and Test2 in either ear. Conclusion: Given the lack of difference between the first 2 periodic tests, we believe that they could be merged into a single test, i.e., first periodic audiometric testing could be performed at 12 months of employment without compromising workers’ health.