Em Belo Horizonte, desde o começo do século XX, um quadrilátero localizado no centro da cidade, entre a estação de trem e a rodoviária, tem abrigado uma zona de baixo meretrício, a chamada zona grande. Atualmente, funcionam na região em torno de vinte hotéis, onde cerca de 2 mil mulheres atendem a seus clientes. Este artigo discute a relação entre identidade, trabalho sexual e território entre as mulheres dessa zona grande. Busca-se refletir também em que medida a construção de uma identidade profissional, de trabalhadoras do sexo, poderia contribuir para o empoderamento dessas mulheres, favorecendo uma organização que as habilite a reivindicar, entre outras questões, a sua permanência nesse local. Essa é uma região visada por políticas de intervenção urbana que buscam "higienizar" a área, retirando dali os hotéis e as pensões onde trabalham essas mulheres. A ideia, então, é incorporar à discussão de identidade a relação com o território.
In Belo Horizonte, since the beginning of the 20th Century, the four-block area between the bus and train stations has been known as the city's major red-light district, called "Zona Grande". Today almost two-thousand women provide sex services to clients within some twenty hotels located in the area. We discuss the relationship between gender, identity, work, and territory among the women. The establishment of a professional identity as sex worker can contribute to their empowerment by facilitating a social and political organization that allows them to demand, among other issues, their permanence in this area, traditionally a target of hygienist urban policies that sought "to clean" the area by removing the hotels. We also contribute to a discussion of gender and identity in relation to territory.
En el centro de la ciudad de Belo Horizonte, Brasil, desde comienzos del siglo XX, un cuadrilátero localizado entre la estación de trenes y la terminal de ómnibus alberga un área de prostitución, conocida como la "Zona Grande". Actualmente, funcionan allí cerca de veinte hoteles, en los que alrededor de dos mil mujeres atienden a sus clientes. Este artículo discute la relación entre identidad, trabajo sexual y territorio entre las mujeres de la Zona Grande. Se trata de pensar en qué medida la construcción de una identidad profesional -trabajadoras del sexo- podría contribuir al empoderamiento de estas mujeres, favoreciendo una organización que las habilite a reivindicar, entre otras cuestiones, su permanencia en un espacio que es objeto de políticas de intervención urbana que pretenden "higienizarlo", retirando tales hoteles-alojamientos. La idea de este artículo, entonces, es incorporar la relación con el territorio a una discusión referida a dicha identidad .