Resumo: Este artigo tem por objetivo repensar o lugar que O moço loiro, segundo livro de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1845, tem na constituição de um acervo comum do romance brasileiro. Defende-se que o romance sentimental (também chamado de romance urbano ou romântico) se estrutura a partir de uma clivagem geracional. De um lado estão os jovens, que agem segundo os valores dos novos tempos; do outro, os velhos, mais sensatos e desconfiados dessa nova ética. Ao contrário dos demais romances de Macedo, em que o polo da velhice assume a direção moral das narrativas em seus momentos de crise, O moço loiro termina em chave liberal. Argumenta-se que essa inflexão progressista, por assim dizer, não tem mais condições de possibilidade em contexto de restauração conservadora como é o do Brasil da segunda metade da década de 1840.
Abstract: This essay proposes to reestablish the place Joaquim Manuel de Macedo’s second book, O moço loiro, published in 1845, occupies within the formation of Brazilian literary repertoire. The structure of this sentimental novel (also known as urban or romantic novel) is based on a generational divide. On the one hand, youngsters act according to the values of a new time; on the other, elders, who see themselves as more reasonable, distrust this new behavior. Unlike other novels by Macedo, in which the older side of the spectrum assumes the moral responsibility of the narrative in its climax, O moço loiro pushes a more liberal perspective. This progressive shift, so to speak, however, cannot be sustained in the context of a conservative restauration as is the case of Brazil during the second half of 1840s’.