São inegáveis as iniquidades envolvidas diretamente nos modos de nascer, viver, adoecer e morrer da população do campo. Para analisar a acessibilidade ao cuidado em saúde desse povo, consideramos quatro barreiras pertinentes à acessibilidade aos serviços de atenção básica: as geográficas, organizacionais, financeiras e de informação. O estudo objetivou evidenciar as barreiras de acessibilidade à atenção básica pela população de um assentamento em Pernambuco, Brasil, sob a perspectiva de assentadas, profissionais e gestão. Trata-se de uma pesquisa descritiva, transversal, qualitativa, do tipo caso único realizada em um assentamento de reforma agrária pernambucano e na unidade de saúde da família responsável pela assistência desse território. Um representante da gestão municipal em atenção básica foi entrevistado e dois grupos focais foram realizados, um com as assentadas e outro com os profissionais de saúde da equipe de saúde da família. Para a análise dos dados utilizou-se o método do Discurso do Sujeito Coletivo. As barreiras de acessibilidade geográfica evidenciaram distância entre unidade e assentamento sem a garantia de um transporte; as barreiras organizacionais expuseram alta demanda de usuários e estrutura física precária; as barreiras financeiras demonstraram ameaças do novo financiamento e condições socioeconômicas precárias da população; e as barreiras de informação revelaram a escassez da educação permanente e o preconceito associado às lacunas de comunicação entre profissionais e assentados. Ante às inúmeras barreiras de acessibilidade e suas consequências para a população do estudo, cabe avançar na adequação da atenção básica, com vistas a ampliar o acesso às necessidades de saúde evidenciadas.
We are unable to deny the iniquities which are directly involved in the ways of being born, living, falling ill, and dying of the rural population. To analyze these people’s accessibility to health care, we considered four barriers pertinent to accessibility to primary care: geography, organization, finance, and information. This study stresses the accessibility barriers to primary care which the population of a Pernambuco, Brazil, settlement faces from the perspective of settlers, professionals, and management. This is a descriptive, cross-sectional, qualitative, single-case research conducted in a Pernambuco agrarian reform settlement and in the family health unit responsible for caring for this territory. We interviewed a primary care municipal management representative and conducted two focus groups, one with settlers and another with the healthcare providers of the family health team. To analyze data, the Discourse of the Collective Subject method was used. Geographical accessibility barriers showed a distance between unity and settlement without guaranteeing transportation; organizational ones showed high user demand and precarious physical structure; financial ones, threats of new financing and precarious socioeconomic conditions of this population; and information ones revealed the scarcity of continuing education and the prejudice associated with communication gaps between professionals and settlers. In view of the numerous accessibility barriers and their consequences for the studied population, we must improve primary care adequacy to expand access to the evinced health needs.
Son innegables las iniquidades involucradas directamente en las formas de nacer, vivir, enfermarse y morir de la población del campo. Para analizar la accesibilidad al cuidado en salud de estas personas, consideramos cuatro barreras relacionadas a la accesibilidad a los servicios de atención primaria: geográficas, organizativas, financieras y de información. Este estudio tuvo como objetivo identificar las barreras de accesibilidad a la atención primaria para la población de un asentamiento de Pernambuco, Brasil, desde la perspectiva de asentadas, profesionales y la gestión. Se trata de una investigación descriptiva, transversal, cualitativa, de caso único, realizada en un asentamiento de reforma agraria de Pernambuco y en la unidad de salud de la familia responsable de la asistencia de este territorio. Se entrevistó a un representante de la gestión municipal en atención primaria y se realizaron dos grupos focales, uno con las asentadas y el otro con los profesionales de la salud del equipo de salud de la familia. Para el análisis de datos se utilizó el método del Discurso del Sujeto Colectivo. Las barreras de accesibilidad geográfica revelaron la distancia entre la unidad y el asentamiento sin la garantía de transporte; las barreras organizativas expusieron la alta demanda de los usuarios y la precariedad de la estructura física; las barreras financieras demostraron las amenazas de la nueva financiación y las precarias condiciones socioeconómicas de la población; y las barreras de información revelaron la escasez de educación permanente y el prejuicio asociado con las lagunas de comunicación entre los profesionales y los asentados. Ante las numerosas barreras de accesibilidad y sus consecuencias para la población del estudio, cabe avanzar en la adecuación de la atención primaria para ampliar el acceso a las necesidades de salud evidenciadas.