RESUMO Introdução: A “feminização” da medicina é uma tendência nacional e mundial. Cada vez mais mulheres têm escolhido essa área como profissão, mudando a demografia médica brasileira e internacional. No entanto, ainda há algumas barreiras na formação e atuação em medicina, como a manutenção de estereótipos de gênero, o que pode ser observado na sub-representação de mulheres em áreas cirúrgicas. Ademais, desigualdade salarial, assédio, machismo, preconceito e discriminação de gênero são outros desafios enfrentados pelas médicas. Objetivo: O artigo analisou a compreensão de mulheres médicas sobre as relações de gênero e a possível influência na sua formação acadêmica. Método: Consistiu em um estudo qualitativo, sendo realizadas entrevistas semiestruturadas, no período de novembro a dezembro de 2022, com 13 médicas que atuam profissionalmente no município de Marabá, no Pará. A amostra foi obtida por meio do método bola de neve, e, para a abordagem dos dados, utilizou-se a análise temática de conteúdo proposta por Laurence Bardin. Resultado: As entrevistas apontaram uma diversidade de compreensões acerca do conceito de gênero e demonstraram, de variadas formas, a interferência das relações de gênero na formação médica. As participantes narraram situações misóginas e machistas vivenciadas por elas, as quais, em sua maioria, evidenciavam a minimização das qualificações profissionais das mulheres. Além disso, o assédio foi algo bem evidenciado pelas colaboradoras, nove das 13 entrevistadas relataram episódios que envolviam comentários sobre aparência, convites, favores e contatos físicos, principalmente provenientes de professores e preceptores. Também foi pontuado que os estereótipos relacionados à escolha da especialidade são evidentes no meio médico, pois observam-se a predominância de mulheres em áreas da clínica médica, como dermatologia e pediatria, e o afastamento das especialidades cirúrgicas. Conclusão: Por meio dos relatos das participantes, foi observado o que médicas compreendem sobre o conceito de gênero, e revelou-se um contraste entre as suas percepções. Ademais, este trabalho abordou como, do ponto de vista de médicas, o gênero influencia na formação acadêmica das mais variadas formas, sendo retratada a qualidade de situações apresentadas pelas entrevistadas que evidenciam essa interferência. Introdução feminização “feminização mundial profissão internacional entanto subrepresentação sub representação cirúrgicas Ademais salarial machismo Objetivo Método qualitativo semiestruturadas 2022 1 Marabá Pará neve dados utilizouse utilizou se Bardin Resultado demonstraram formas elas quais maioria disso colaboradoras aparência convites físicos preceptores médico observamse observam pediatria Conclusão revelouse revelou percepções 202 20 2
ABSTRACT Introduction: The “feminization” of medicine is a national and worldwide phenomenon. Women have been increasingly choosing this field as a profession, changing the demographics of Brazilian and international medicine. However, there are still some barriers in medical education and practice, such as perpetual gender stereotypes, which can be observed in the underrepresentation of women in surgical fields. Furthermore, wage inequality, harassment, sexism, prejudice, and gender discrimination are other challenges faced by female physicians. Objective: The article analyzed the understanding of female physicians regarding gender relations and their potential influence on their academic formation. Method: This is a qualitative study that involved semi-structured interviews that were conducted from November to December 2022 with thirteen female physicians practicing professionally in the city of Marabá, in the state of Pará. The sample was obtained using the snowball method and the Thematic Content Analysis proposed by Laurence Bardin was used to process the data. Result: The interviews pointed to a diversity of understandings about the concept of gender and demonstrated, in various regards, the interference of gender relations in medical education. The participants narrated misogynistic and sexist situations they had experienced, most of which evidenced the belittling of women’s professional qualifications. Additionally, harassment was clearly evident among the contributors, as nine out of the thirteen interviewees reported episodes involving comments about their appearance, invitations, favors, and physical contact, mainly from professors and preceptors. It was also noted that stereotypes related to specialty choice are evident in the medical field, as there is a predominance of women in clinical areas such as dermatology and pediatrics and a distancing from surgical specialties. Conclusion: The participants’ reports revealed the physicians’ understanding of the concept of gender, with contrasting views. In addition, this work addressed how, from the perspective of female physicians, gender influences academic training in various aspects, depicting the quality of situations presented by the interviewees that highlight this interference. Introduction feminization “feminization phenomenon profession However practice fields Furthermore inequality sexism prejudice Objective formation Method semistructured semi structured 202 Marabá Pará data Result demonstrated regards experienced womens s qualifications Additionally contributors appearance invitations favors contact preceptors specialties Conclusion views addition how aspects 20 2