Avaliou-se os fatores que explicariam diferentes padrões de consumo alimentar da população urbana brasileira, com base na Pesquisa sobre Padrões de Vida, realizada no Nordeste e no Sudeste em 1996-1997. Foram incluídos os dados de consumo familiar (últimos 14 dias a partir de uma listagem com 28 alimentos) de 5.121 adultos na faixa etária de 20 a 50 anos, após exclusão das gestantes, das lactantes e das pessoas que referiram problema de saúde crônico. Os padrões de consumo alimentar foram definidos pela análise de componentes principais, onde o valor de carga de uma determinada variável (alimento) é proporcional à sua contribuição para o fator (padrão de consumo) em questão, com a carga negativa indicando que a variável está inversamente associada com o fator, enquanto a positiva indica uma associação direta. A Região Nordeste comparada à Região Sudeste associou-se negativamente a um padrão misto, quando todos os alimentos foram igualmente importantes. O índice de massa corporal associou-se positivamente ao padrão misto, e praticar atividade física e ser negro associou-se negativamente a este padrão. Escolaridade e renda foram as variáveis que mais explicaram o consumo alimentar, mas mesmo ajustando por elas, a região de residência foi o terceiro maior componente explicativo.
This study evaluated factors associated with dietary patterns in the Brazilian population based on the Living Standards Survey conducted in the Northeast and Southeast regions of the country. Multi-stage probability sampling was employed to select the households, and for the present analysis 5,121 adults aged 20 to 50 years were included. Pregnant women and individuals reporting chronic health conditions were excluded. Through principal component analysis, two major family dietary patterns were identified: a mixed pattern, in which all groups and foods have approximately the same factor loading, and a second pattern based main1y on rice and beans, which was called a traditional diet. Weight and height were measured in the households, and food intake was based on a 21-item semi-quantitative family questionnaire. The Northeast (as compared to the Southeast) was negatively associated with the mixed pattern. Body mass index was positively associated with the mixed pattern, whereas leisure physical activity and Black skin color were negatively associated with the mixed pattern. Schooling and income levels explained most of the dietary variance, but after adjusting for education and income, region of residence remained significantly associated and was the third most important explanatory variable.