Resumo: Desde o início do surto da COVID-19, percebe-se uma crescente tensão provocada pela dimensão pandêmica de uma doença que trouxe severos impactos epidemiológicos e desdobramentos socioculturais e políticos. Em condições ideais de comunicação pública as autoridades deveriam alinhar-se a um regime de total transparência com informações abundantes e de compreensão facilitada para gerar credibilidade, confiança e parceria com as mídias. Nos hiatos de versões aceitáveis e em meio a indeterminações, os indivíduos tornam-se experts de si mesmos, consumindo fake news e reproduzindo narrativas de risco falaciosas com consequências desastrosas. Discutem-se diversos aspectos ligados às fake news e ao uso da razão comunicativa por autoridades públicas, citando o caso do Irã e estabelecendo paralelos com o fenômeno da antivacinação e suas consequências. Descreve-se o desafio do direcionamento coordenado da sociedade por meio de informações, competindo com pastiches pseudo-científicos que proliferam em ritmo frenético na vacuidade de dados oficiais. Levanta-se, assim, a seguinte questão: quais modelos comunicativos deveriam pautar a narrativa oficial para gerar condições de colaboração e parceria com as mídias? Que impactos tais modelos teriam na proliferação das narrativas enganosas às quais recorrem os cidadãos em crise de orientações pertinentes? Conclui-se que é também papel do governo lançar mão de sua ampla visibilidade para gerar referências de segurança sob o primado da razão comunicativa sensível às genuínas interrogações da sociedade. Em síntese, produzir em escala monumental referenciais responsáveis, norteados por elementos de ética da responsabilidade alinhados ao bem comum.
Abstract: Since the beginning of the COVID-19 outbreak, the world has witnessed growing tension from the pandemic dimension of a disease with severe epidemiological impacts and wide-reaching sociocultural and political spinoffs. In ideal conditions of public communication, the authorities would be aligned with a totally transparent system supplying abundant information and ease of understanding to generate credibility, confidence, and partnership with the media. In the hiatuses of acceptable versions and in the midst of indeterminations, individuals become their own experts, consuming fake news and reproducing fallacious risk narratives with disastrous consequences. The article discusses various aspects of fake news and the use of communicative reason by public authorities, citing the case of Iran and drawing parallels with the antivaccination movement and its consequences. The authors address the challenge of coordinated orientation of society with information, competing with pseudo-scientific pastiches that proliferate at breakneck speed in the absence of official data. All this raises the following question: which communication models should back the official narrative to create the conditions for collaboration and partnership with the media? What impacts would such models have on the proliferation of misleading narratives that citizens turn to during crises of appropriate orientation? The authors conclude that it is also the government’s role to use its broad visibility to create references of safety under the primacy of communicative reason, sensitive to society’s genuine questions and concerns. In short, government should produce responsible references on a monumental scale, oriented by the ethics of accountability in line with the common good.
Resumen: Desde el inicio del brote de la COVID-19, se percibe una creciente tensión provocada por la dimensión pandémica de una enfermedad que ha traído consigo severos impactos epidemiológicos y despliegues socioculturales y políticos. En condiciones ideales de comunicación pública, las autoridades deberían estar alineadas a un régimen de total transparencia con información abundante y de comprensión fácil para generar credibilidad, confianza y un clima de colaboración con los medios de comunicación. Ante la carencia de versiones aceptables e imbuidos por indeterminaciones, los individuos se convierten en expertos de sí mismos, consumiendo fake news y reproduciendo relatos de riesgo falaces con consecuencias desastrosas. Se discuten diversos aspectos vinculados a las fake news y al uso de la razón comunicativa por parte de las autoridades públicas, citando el caso da Irán, y estableciendo paralelismos con el fenómeno antivacunas y sus consecuencias. Se describe el desafío para orientar coordinadamente a la sociedad mediante información, compitiendo con pastiches pseudo-científicos, que proliferan con un ritmo frenético ante la vacuidad de los datos oficiales. De esta forma, se plantea la siguiente pregunta: ¿qué modelos comunicativos deberían pautar el relato oficial, con el fin de generar condiciones de colaboración y alianza con los medios de comunicación? ¿Qué impactos tendrían tales modelos en la proliferación de relatos engañosos a los que recurren los ciudadanos que no disponen de información pertinente? Se concluye que es también papel del gobierno utilizar su amplia visibilidad para generar referentes seguros con la ayuda de la primacía de la razón comunicativa, sensible a los genuinos interrogantes de la sociedad. En resumen, generar a gran escala referentes responsables, orientados por elementos de la ética de la responsabilidad alineados con el bien común.