A diversidade é um tema bastante complexo e controverso. Engloba as chamadas "minorias" não em termos numéricos, mas em termos do exercício do poder. Compõem as minorias os negros, pessoas com deficiência, mulheres, indígenas e outros. Embora haja avanços nessa discussão, inclusive na legislação, ainda se observam lacunas quando se fala do trabalho para essas minorias. Para o presente trabalho, escolheram-se, entre as minorias, as pessoas com deficiência (PCDs), pois, segundo a Organização Internacional do Trabalho (2010), elas representam 10% da população mundial, ou seja, cerca de 650 milhões de pessoas, dentre as quais aproximadamente 72% estão em idade produtiva. Nesse sentido, o objetivo do presente artigo foi compreender a dinâmica identitária de PCDs inseridas em organizações de trabalho, localizadas no Brasil e nos Estados Unidos. Para isso, elaborou-se um arcabouço teórico com base na abordagem sociológica da identidade de Dubar (2005). Optou-se pela pesquisa qualitativa e exploratória, a partir de uma abordagem interpretativa. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram: entrevista semiestruturada e pesquisa documental. Foram entrevistadas 12 PCDs no Brasil e oito nos Estados Unidos, entre homens e mulheres. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas por meio da análise de conteúdo. Constatou-se que, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, o trabalho das PCDs entrevistadas configura-se como um importante instrumento para dar sentido a suas vidas, e suas respectivas deficiências se fazem presentes no processo de socialização organizacional. Além disso, uma das principais barreiras enfrentadas pelas PCDs entrevistadas, no que tange ao emprego, era a própria deficiência. Assim, percebeu-se um conflito entre quem o indivíduo é e quem ele acha que deve ser para poder trabalhar. Observou-se que a identidade do indivíduo é resultado de um movimento de construção e reconstrução entre as suas (muitas) identidades e que o indivíduo não consegue se identificar apenas por seus olhos, mas ele necessita se ver pelo olhar do outro.
Diversity is a very complex and controversial issue. It embraces the so-called "minorities", not in numerical terms but in terms of power. The groups that compose the minorities are the black, the disabled, women and the indigenous, among others. Although there are advances in this discussion, including in the legislation field, there are still gaps when it comes to employment for these minorities. For this paper, we chose, among the minorities, people with disabilities (PWDs), because according to the International Labor Organization (2010), they represent 10% of the world’s population, among which approximately 72% are at the working age. The objective of this paper was to understand the identity dynamics of PWDs inserted in work organizations, located in Brazil and in the United States. To this end, we elaborated a theoretical framework mainly based on the identity from a sociological approach by Dubar (2005). We opted for an exploratory and qualitative research, based on an interpretive approach. The techniques of data collection used were semi-structured interviews and documentary research. Interviews were conducted with twelve PWDs in Brazil and eight in the United States, men and women. The interviews were recorded, transcribed and analyzed through content analysis. In both countries the jobs of the interviewed PWDs appeared as an important tool to give meaning to their lives. Moreover, one of the main obstacles faced by the interviewed PWD with regard to employment was the disability itself. Thus, it was possible to notice a conflict between who they are and whom they think they should be in order to work. It was observed that the individual's identity is a result of the movements of construction and reconstruction of his or her (many) identities and that one cannot identify oneself only with one’s eyes; instead, they need to see through someone else’s eyes.
La diversidad es un tema muy complejo y controvertido. Incluye las llamadas "minorías", no en términos de números, pero en cuanto al ejercicio del poder. Los negros constituyen minorías, las personas con discapacidad, las mujeres, los pueblos indígenas y otros. Aunque hay avances en este debate, incluso de carácter legislativo, se observan diferencias cuando se habla de la labor para estas minorías. Para este trabajo, se eligió, entre las minorías, el grupo de personas con discapacidad (PCDs), ya que según la Organización Internacional del Trabajo (2010), representan el 10% de la población mundial, o alrededor de 650 millones, entre los cuales aproximadamente el 72% están en edad de trabajar. Como consecuencia, el objetivo de este artículo es comprender la dinámica de la identidad de PCDs insertos en las organizaciones de trabajo, ubicados en Brasil y Estados Unidos. Para ello, se elaboró un enfoque teórico basado en la identidad sociológica, presentada por Dubar (2005). Se optó por la investigación cualitativa exploratoria, a partir de un enfoque interpretativo. Las técnicas de recolección de datos utilizados fueron: entrevistas semiestructuradas y documentos de investigación. Fueron entrevistadas doce PCDs en Brasil y ocho en los Estados Unidos, entre hombres y mujeres. Las entrevistas fueron grabadas, transcritas y analizadas por análisis de contenido. Los resultados sugieren que, tanto en Brasil como en Estados Unidos, el trabajo de las PCDs entrevistadas se configura como una herramienta importante para dar sentido a sus vidas, y sus respectivas deficiencias se presentan en el proceso de socialización dentro de la organización. Además, uno de los principales obstáculos que enfrentan las PCDs entrevistadas sobre el empleo era la propia discapacidad. Así, se percibió un conflicto entre quién es el individuo y quien piensa que debe ser para poder trabajar. Resulta, por lo tanto, que la identidad de la PCD es resultado de un movimiento de construcción y reconstrucción de sus (muchas) identidades y las PCDs no pueden identificarse sólo por su perspectiva, sino que también dependen de la percepción del otro.