RESUMO Dentre os inúmeros atravessamentos que permeiam a conjuntura de um desastre, os aspectos psicossociais merecem destaque por incluírem questões culturais, sociais, estruturais, psíquicas, sanitárias e simbólicas. O objetivo desta revisão foi apresentar como esses aspectos têm sido explorados na literatura científica nos últimos 20 anos (1997-2016) por autores e periódicos de países da América do Sul, em contextos de desastre socioambiental de origem geoclimática. Foi realizado levantamento bibliográfico nas bases eletrônicas Capes, SciELO, Latindex e Portal da Biblioteca Virtual em Saúde. Levando-se em conta os critérios de inclusão e exclusão adotados nesta revisão, 52 publicações constituíram a amostra final. O levantamento revelou a predominância das temáticas ‘saúde mental’, ‘impactos psicossociais e na saúde’, ‘saúde pública’ e ‘gestão de riscos’. Os resultados evidenciaram a desigualdade social como fator potencializador de desastres e a ineficiência de políticas públicas no Brasil para a redução de riscos de desastres, bem como o predomínio de estudos que associam o apoio psicossocial a intervenções restritas ao campo da saúde mental. Como caso oposto, o artigo apresenta a construção da identidade e das políticas públicas chilenas em função dos terremotos ocorridos no País.
ABSTRACT Among the many crossings that permeate the conjuncture of a disaster, the psychosocial aspects deserve highlighting, because they include the cultural, social, structural, psychic, health, and symbolic issues. The aim of this review is to present how these aspects have been explored in the scientific literature in the last 20 years (1997-2016) by authors and journals from South American countries, in contexts of socioenvironmental disaster of geoclimatic origin. A bibliographic survey was conducted in the electronic databases Capes, SciELO, Latindex, and Virtual Health Library Portal. Taking into account the inclusion and exclusion criteria adopted in this review, 52 publications constituted the final sample. The survey revealed the predominance of ‘mental health’, ‘psychosocial and health impacts’, ‘public health’ and ‘risk management’ themes. The results showed evidence of social inequality as a potentiating factor of disasters and the inefficiency of public policies in Brazil in reducing disaster risks. Also, they revealed the predominance of studies that associate psychosocial support with interventions restricted to the field of mental health. As an opposite case, the article presents the construction of Chilean identity and public policies due to the earthquakes that occurred in the country.