resumo Turismo para Cegos, romance de estreia de Tércia Montenegro, é mais um texto que se junta à longa tradição de obras literárias que contam com a presença de personagens cegos. Neste artigo, retomamos os valores e crenças que alimentam a representação da cegueira na literatura ocidental, bem como apontamos os estereótipos mais comuns associados a personagens cegos em obras literárias, para analisarmos o romance em questão. Além disso, nos valemos da teoria de Erving Goffman acerca do estigma para estudar o intrincado teatro de relações estabelecido entre a protagonista cega e os demais personagens do romance. Concluímos que, apesar de retomar antigos estereótipos, Turismo para cegos também inova ao desmistificar a figura do estigmatizado, elevando-o ao status de um ser humano completo, tão passível de falhas quanto qualquer outro.
abstract Turismo para cegos, the debut novel by Tércia Montenegro, is yet another text that joins the long tradition of literary works that rely on the presence of blind characters. In this article, we revisit the values and beliefs that fuel the representation of blindness in Western literature, while also pinpointing some of the most common stereotypes associated with blind characters in literary works, in order to analyze the novel in question. In addition, we use Erving Goffman’s theory of stigma to study the intricate theater of relationships established between the blind protagonist and the novel’s other characters. We conclude that, despite perpetuating negative stereotypes, Turismo para cegos also innovates by demystifying the stigmatized figure, elevating it to the status of a complete human being, as faulty as any other.
resumen Turismo para cegos, novela de estreno de Tercia Montenegro, es otro texto que se une a la larga tradición de obras literarias que cuentan con la presencia de personajes ciegos. En este artículo, retomamos los valores y creencias que alimentan la representación de la ceguera en la literatura occidental, así como resaltamos los estereotipos más comunes asociados a personajes ciegos en obras literarias, para analizar la novela en cuestión. Además, nos valemos de la teoría de Erving Goffman acerca del estigma para estudiar el intrincado teatro de relaciones establecido entre la protagonista ciega y los demás personajes de la novela. Concluimos que, a pesar de perpetuar antiguos estereotipos, Turismo para cegos también innova al desmitificar la figura del estigmatizado, elevándolo al estatus de un ser humano completo, tan susceptible de fallas como cualquier otro.