Resumo: O estudo buscou avaliar a adequação do atendimento pré-natal oferecido nas capitais brasileiras e o diagnóstico da sífilis gestacional através de dados públicos dos sistemas de informação de saúde. Foi construído o indicador de Kotelchuck modificado para adequação do atendimento pré-natal, usando dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC). Foram acessados em sites públicos os dados sobre sífilis gestacional, sífilis congênita, estimativa da cobertura populacional pela Estratégia Saúde da Família (ESF), Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) municipal e dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). O perfil das gestantes associado ao atendimento inadequado foi avaliado com base na regressão logística. Foram analisados um total de 685.286 nascimentos. Apenas 2,3% das mulheres não receberam atendimento pré-natal. A taxa média de adequação foi de 79,7%. Não foi encontrada correlação entre a adequação do pré-natal e a cobertura pela ESF (p = 0,172), mas houve correlação com o IDH municipal (p < 0,001). A inadequação da assistência pré-natal mostrou associação com a idade < 20 anos, escolaridade < 4 anos, raça/cor não-branca e situação conjugal sem companheiro. Entre os casos de sífilis congênita, 17,2% das mães não haviam recebido atendimento pré-natal, e a sífilis gestacional afetava mais as gestantes vulneráveis, incluindo uma proporção maior de adolescentes, mulheres com baixa escolaridade e mulheres não brancas. O PMAQ-AB mostrou uma disponibilidade mediana de 27,3% de testes rápidos para sífilis, 67,7% para penicilina benzatina e 86,7% para administração de penicilina benzatina pela equipe de saúde. O uso de dados públicos revelou baixa adequação do atendimento pré-natal nas capitais brasileiras, denotando qualidade insuficiente para o diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional, apesar da disponibilidade de insumos. O monitoramento contínuo pode ser realizado com o uso de dados públicos, indicando estratégias locais para eliminar a sífilis congênita.
Abstract: To assess the adequacy of prenatal care offered in the Brazilian capital cities and the diagnosis of gestational syphilis through public data from health information systems. The modified Kotelchuck index for adequacy of prenatal care was built using Brazilian Information System on Live Births (SINASC) data. Data on gestational syphilis, congenital syphilis, estimated population coverage by the Family Health Strategy (FHS), the Municipal Human Development Index (MHDI) and data from National Program for Access and Quality Improvement in Primary Care (PMAQ-AB) were accessed in public sites. The profile of pregnant women associated with inadequate care was assessed by logistic regression. In total, 685,286 births were analyzed. Only 2.3% of women did not attend prenatal appointments. The mean adequacy was 79.7%. No correlation was found between adequacy of prenatal care and FHS coverage (p = 0.172), but a positive correlation was found with the MHDI (p < 0.001). Inadequacy of prenatal care was associated with age below 20 years old, schooling less than 4 years, non-white skin color and not having a partner. Among the congenital syphilis cases, 17.2% of mothers did not attend prenatal care. Gestational syphilis more often affected vulnerable women, including a higher proportion of adolescents, women with low schooling, and women of non-white color. The PMAQ-AB showed a median availability of 27.3% for syphilis rapid tests, 67.7% for benzathine penicillin, and 86.7% for benzathine penicillin administration by health teams. The use of public data showed a low adequacy of prenatal care in Brazilian capitals, denoting insufficient quality for the diagnosis and treatment of gestational syphilis, despite the availability of supplies. Continuous monitoring can be carried out using public data, indicating to local strategies to eliminate congenital syphilis.
Resumen: El objetivo de este trabajo ha sido evaluar la adecuación de la atención prenatal que se ofreció en capitales brasileñas, y el diagnóstico de sífilis gestacional, mediante datos públicos de los sistemas de información de salud. El indicador modificado de Kotelchuck para la adecuación de la atención prenatal se construyó usando datos del Sistema de Información sobre Nacidos Vivos (SINASC). La información sobre sífilis gestacional, sífilis congénita, así como la cobertura de población estimada por la Estrategia Salud de Familia (ESF), Índice de Desarrollo Humano (IDH) municipal y datos del Programa Nacional para el Acceso Mejorado y Calidad de la Atención Básica (PMAQ-AB) se recabaron de sitios web públicos. El perfil de las mujeres embarazadas asociado con el cuidado inadecuado fue evaluado mediante regresión logística. En total, se analizaron 685.286 nacimientos. Solamente un 2,3% de las mujeres no atendieron a citas prenatales. La adecuación media fue de un 79,7%. No se encontró correlación entre la adecuación del cuidado prenatal y la cobertura de la ESF (p = 0,172), pero se encontró una correlación positiva con el MHDI (p < 0,001). La inadecuación del cuidado prenatal estuvo asociada con una edad < 20 años, escolaridad < 4 años, raza no blanca y no tener pareja. Entre los casos de sífilis congénita, un 17,2% de las madres no asistieron a la atención prenatal. La sífilis gestacional afectó más a menudo a las mujeres vulnerables, incluyendo una más alta proporción de adolescentes, mujeres con baja escolaridad, y mujeres de color no blanco. La PMAQ-AB mostró un promedio de disponibilidad de un 27,3%, en el caso de test rápidos de sífilis, un 67,7% para la penicilina benzatínica, y un 86,7% para la administración penicilina benzatínica por equipos de salud. El uso de los datos públicos mostró una baja adecuación del cuidado prenatal en capitales brasileñas, denotando una insuficiente calidad para el diagnóstico y tratamiento de la sífilis gestacional, a pesar de la disponibilidad de suministros. La supervisión continua se puede llevar a cabo usando datos públicos, apuntando a estrategias locales para eliminar la sífilis congénita.